Terça-feira, 16h. Manchester City e Real Madrid entravam em campo para os primeiros 90 minutos do primeiro jogo da semifinal da Liga dos Campeões. Eu, como madridista, assistiria como torcedora e como telespectadora também. “Ah, para que é só mais jogo”, eles disseram. “Ah, mas todo o fim de semana você assiste o time jogar”, completam. E eu respondo com esse texto que não foi só mais um jogo e, tampouco, só mais uma semifinal de Champions de um time que eu torço.
Na noite de ontem, o Etihad Stadium viveu mais uma das noites mágicas que o futebol pode proporcionar. A Liga dos Campeões é mágica, o que seria um jogo entre Manchester City e Real Madrid, não é mesmo? O canto de ‘Hey Jude’ da torcida citizens e o hino da competição foi o pontapé inicial para a magia acontecer.
Nervosa, vi dos pés do De Bruyne o time da casa abrir o placar com dois minutos de jogo. “Não é possível que o Real Madrid vai deixar passar”, pensei. Mas deixou. O time de Carlo Ancelotti parecia apagado em campo e aos dez minutos, Gabriel Jesus ampliava para os citizens.
“Real Madrid, o que está acontecendo?”, digo sem querer acreditar no que assistia. A dúvida de que o time teria chance, para mim, havia acabado. Cheguei até a duvidar e afirmar “A 14ª já era”.
Mas quem conhece e vive Real Madrid sabe que a palavra desistir não está no seu vocabulário. E como se estivessem ouvindo a torcida, o time reagiu. Karim Benzema abriu para os merengues aos 32 minutos do primeiro tempo. “É isso! Vamos por mais”, gritei.
E adivinhem? Eles foram por mais. Por muito mais.
O segundo tempo começou com tentativas do City e o Real Madrid salvando. Ali, logo nos primeiros tempos, era visível que o time merengue voltava com outra postura e seria uma partida “de lá e cá”. O show tem que continuar, não?
Aos oito minutos, Phil Foden abre 3 a 1 para os donos da casa. “Não desanima, time”, disse com esperança que o time visitante escutasse. E de novo, como se eles tivessem escutado, reagiram. Em uma jogada que deixou até mesmo Pep Guardiola de joelhos, Vinicius Junior marca o segundo para o Real Madrid. E dois minutos depois de Phil Foden.
*Veja aqui a reação de Guardiola
Com poucos minutos de segundo tempo, já era visível a aula que cada torcedor estava presenciando. E não parou por aí porque nem mesmo os deuses do futebol deixaram assim. Nós precisávamos aprender mais.
Aos 29 minutos, Bernardo Silva aproveita que o time do Real ainda está carregando a possibilidade de falta do Kroos em Zinchenko e marca o quarto. Que golaço! Que jogão! “Desistir jamais, Real Madrid”, pensei. Ainda dava por mais no palco do espetáculo. E Karim Benzema, de novo, mostrou porque defendemos para que ele ganhe a Bola de Ouro. De cavadinha, converteu o pênalti para o Real Madrid.
É, futebol… nem nos meus melhores sonhos achava que assistiria a um jogo assim. Seja como telespectadora ou como torcedora, você me surpreende a cada 90 minutos.
Obrigada, futebol. Obrigada por me emocionar, por me dar voz, por me fazer acreditar e aprender cada vez mais. Obrigada por existir.
Foto de destaque: Catherine Ivill/Getty Images