Por que investir no futebol feminino mesmo após a derrota nas Olimpíadas?

Saiba por que é tão importante investir e incentivar o futebol feminino no Brasil

Recentemente, a Seleção Olímpica de futebol feminino brasileira foi derrotada nas quartas de final pelo Canadá nos pênaltis após o jogo no tempo regular terminar empatado pelo placar de 0 a 0.

Após a eliminação, a jogadora Marta, eleita seis vezes a melhor do mundo e uma das maiores da história, pediu em entrevista depois da partida, para que as mulheres continuem sendo apoiadas e que haja mais incentivos para que o esporte prospere no Brasil. 

Foto: Reprodução/Sam Robles/CBF

Mas por que devemos investir no futebol feminino?

Há pouco tempo, Rayssa Leal, skatista de 13 anos, fez história ao ganhar uma medalha de prata pelo Brasil na modalidade skate street, tornando- se a atleta mais jovem brasileira a subir ao pódio em Olimpíadas.

Após a vitória, a venda de artigos esportivos da modalidade do skate dispararam no site da Netshoes e as vendas aumentaram em aproximadamente 80%. Isso evidencia o fato de que o skate é a nova tendência do momento. 

Mas o que isso tem a ver com o futebol?

Se seguirmos essa linha de raciocínio, imagina a quantidade de meninas inspiradas a jogar futebol se o Brasil obtivesse uma medalha de ouro nas Olimpíadas? Mas para isso é necessário de algo primordial: investimentos.

Não é novidade que a modalidade no país sofre com a falta de investimentos, patrocínio e apoio.

Enquanto os homens praticam futebol sem preconceito e julgamentos desde o final do século XIX, época que o esporte foi introduzido no Brasil, as  mulheres que jogavam bola eram marginalizadas e vistas com maus olhos, sendo consideradas grosseiras e sem classe.  

Inclusive, as mulheres já foram proibidas por lei de praticar o esporte durante um período de forte repressão social. Em 1941, no governo de Getúlio Vargas, conhecido como Estado Novo, foi elaborado o Decreto-Lei 3199. No artigo 54, havia o seguinte trecho: “as mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com a condição de natureza’’. E entre esses esportes, encontrava-se o futebol.

Essa medida ficou ainda mais restritiva com uma resolução do Conselho Nacional de Desportos, em 1965, durante a ditadura militar. Promulgava-se: “não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo, halterofilismo e beisebol”.

Esse decreto só foi revogado em 1979. Ou melhor, há apenas 42 anos atrás, as mulheres foram permitidas a jogar futebol no Brasil. Esse acontecimento tem influência na maneira como o futebol feminino se desenvolveu no passado e ainda se desenvolve no presente. 

É perante essa conjuntura de dificuldades que apoiadores do futebol feminino se encontram. Com os incentivos adequados, o Brasil tem capacidade de se consolidar como uma potência no futebol feminino. 

A divulgação do futebol feminino não é tão forte como a do futebol masculino, mas teve seus avanços. A maior visibilidade traz mais torcedores aos estádios e, consequentemente, mais potenciais jogadoras aos clubes. Dessa forma, novos talentos serão revelados, que contribuirão para o crescimento e consolidação da modalidade no brasil.

Esse apoio deve ser feito ainda na infância visto que isso ajuda a despertar o interesse das meninas no esporte desde cedo. São essas atitudes que impedem que talentos sejam desperdiçados por falta de incentivo para seguir carreira.

Seleção feminina de futebol - Olimpiadas
Foto: Reprodução/CBF

Entretanto, somente aumentar o interesse das meninas no esporte não é o suficiente, isso porque a qualidade do esporte no país está relacionada com os investimentos. Os incentivos financeiros incitam o desempenho das jogadoras, sendo útil para melhorar a estrutura do clube. 

Ainda, o aumento de fundos reservados ao futebol feminino valoriza o trabalho dos técnicos, preparadores físicos e outros profissionais envolvidos. Esse reconhecimento tem impacto positivo em todo o trabalho de base com as jogadoras, profissionalizando ainda mais a modalidade.

O investimento e patrocínio em clubes e jogadoras permite que as habilidades, já apresentadas na base, sejam sofisticadas no futuro. Dessa forma, cada vez mais, formam-se profissionais de prestígio, com alta qualidade.

Foto de destaque: Reprodução/Sam Robles/CBF

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