Eleita a melhor jogadora do mundo por seis vezes, a camisa 10 da Seleção Brasileira luta por igualdade no esporte e há três anos joga sem patrocínio. Marta, que é a maior artilheira em Copas do Mundo, entre homens e mulheres, com 17 gols, começou em 2019 um protesto silencioso em prol de condições salariais no futebol.
A atleta está sem patrocínio desde julho de 2018 quando seu contrato com a Puma acabou. Ela se recusou a renovar pelo valor oferecido — não foi divulgado quanto.
Como forma de se manifestar a respeito, na Copa da França, a canhota aderiu à campanha “Go Equal”, que defende a igualdade de gênero no esporte e de salários entre homens e mulheres no futebol.
Marta agora joga com uma chuteira preta, sem patrocinador, somente com o símbolo da equidade no esporte. Ela se apresentou assim na Copa do Mundo de 2019 e repete o mesmo gesto nas Olimpíadas deste ano.
Se engana quem pensa que a jogadora só se manifesta através das chuteiras. Nas fotos oficiais da Seleção Brasileira para Tóquio, ela esconde com o cabelo o símbolo da Nike, que é a fornecedora esportiva da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Em entrevista dada ao ge, antes da estreia nas Olimpíadas, a melhor jogadora do mundo fala sobre a escolha de não usar nenhuma marca no evento.
Estou usando a mesma chuteira. Com o mesmo símbolo, o ‘Go Equal’. E continua sendo uma opção minha. Não é só pelo dinheiro em si. É toda uma história. Mas muitas vezes, os contratantes da patrocinadora não enxergam por esse lado. É um conjunto de coisas para a minha decisão. E posso ver que, por outro lado, isso ajudou outras atletas”.
A camisa 10 da Seleção Brasileira tem seu nome associado as lutas nas quais acredita e tem passado seu recado dentro e fora de campo também. Ela é embaixadora, desde 2018, da Boa Vontade da ONU Mulheres, onde luta para apoiar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres pelo mundo.
O ano era 1979 e com ele foi revogada a lei que proibia as mulheres de jogar futebol. Uma nova Era começava e sem ela, não poderíamos imaginar sequer em ter a melhor jogadora do mundo sendo brasileira.
Marta não luta para ganhar o mesmo que Neymar. Marta luta para ganhar sendo Marta, eleita seis vezes campeã do mundo, a maior artilheira de Copas, a camisa 10 da Seleção Brasileira. O futebol feminino vem crescendo cada vez mais no Brasil e no Mundo e enquanto existirem Martas por aí, a luta por igualdade vai continuar, dentro e fora de campo.
Veja aqui: A origem do futebol feminino: uma história de desigualdade.
Foto de destaque: Matthew Lewis/Fifa/ Getty Images