O campeonato sem muita importância para os clubes grandes mostra o potencial dos times pequenos
Todo ano, desde que o mundo é mundo, os cariocas se surpreendem com o Campeonato Carioca. Mais do que isso, a pandemia do novo coronavírus não foi usada como pretexto para os times fluminenses que não possuem visibilidade durante o resto do ano. Apesar da paralisação do ano passado, a estratégia utilizada foi manter a performance no decorrer da competição.
É certo que o destaque no Rio de Janeiro fica a cargo dos quatro maiores clubes do estado: Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo. Mesmo assim, com merecida notoriedade, os times pequenos desfrutam da oportunidade para demonstrar potencial diante daqueles que possuem maior visibilidade.
No ano de 2020, times como Vasco da Gama e Botafogo ficaram abaixo da quinta posição na classificação geral. Acima deles, Boavista, Volta Redonda e Madureira, que ficou entre o Alvinegro e o Cruzmaltino, consagraram juntos 18 vitórias ao longo das disputas. Além disso, de acordo com as estatísticas do portal ‘Sr. Goool’, os três obtiveram uma renda bruta de quase três milhões de reais na temporada passada, com um total de R$ 2.708.560,00.
Já neste ano o que se vê é praticamente o mesmo cenário da antiga temporada. O Carioca 2021 iniciou com a vitória do Flamengo contra o Nova Iguaçu, por 1 a 0. Já na primeira rodada, Vasco da Gama e Fluminense foram derrotados pela Portuguesa e pelo Resende, respectivamente. Com isso, até a publicação desta matéria, os quatro grandes do Rio somam 14 empates e nove derrotas.
Outro dado importante é a eliminação do Vasco da Gama no último domingo (18), contra o Boavista. O time, que se encontra na Série B do Campeonato Brasileiro, empatou a partida por 2 a 2 na penúltima rodada do Cariocão e, com isso, fica fora da semifinal estadual. Até mesmo o Botafogo sofreu uma derrota para o Fluminense, por 1 a 0, no último sábado (17), também na 10ª rodada. Essa é mais uma prova da determinação dos clubes que precisam do campeonato como renda.

O Campeonato Carioca é necessário
É imprescindível destacar a garra com que os clubes espalhados pelo Rio de Janeiro disputam a competição. Quem assiste aos jogos consegue reconhecer o esforço e a entrega objetivada no decorrer dos 90 minutos de partida.
Vale, sobretudo, ressaltar a importância que a competição tem para os times que não detém dos recursos necessários. Percebe-se que a proporção dada ao Cariocão equivale à Libertadores da América para os clubes maiores.
Jogar o estadual é uma oportunidade de destacar talentos que ficam escondidos em pequenas cidades fluminenses. Para esses atletas, os sonhos se consumam em uma disputa de bola com Gabigol, do Flamengo, ou até mesmo com Fred, do Fluminense, por exemplo. Jogadores como Marcelo Mattos, do Bangu, e o volante Jucilei, do Boavista, são alguns dos destaques no Campeonato.
Observa-se, com isso, que clubes pequenos estão em uma crescente evolução técnica. Além da contratação de jogadores mais experientes, os clubes contam com uma boa base de jogadores – do sub-20, por exemplo – que alavancam o rendimento dos seus respectivos times. É necessário também dizer que os três primeiros artilheiros do campeonato não fazem parte dos times principais. São eles o atacante Alef Manga, do Volta Redonda, o volante Anderson Künzel, do Nova Iguaçu, e o atacante Luiz Paulo, do Madureira.
O velho efeito de ação e reação
É visível que os quatro grandes times do Rio não dão o devido valor à competição. Porém, o que não é sério para um pode ser tudo para o outro. Esse movimento de ação e reação faz com que os times que precisam dessa chance entreguem todas as suas fichas nas falhas dos grandes clubes. Uma partida que se inicia sem perspectivas para o Flamengo, por exemplo, termina com seus jogadores notoriamente abatidos e cansados pela alta disputa em campo.
Portanto, não subestimem o Campeonato Carioca. Acredito que todos os clubes, sem exceção, deveriam levar a sério a disputa que é uma marca de tradição estadual. A expressão de surpresa com que os atletas dos quatro grandes saem dos gramados mostra que, pelo visto, os pequenos não são tão pequenos assim.
Foto de destaque: Divulgação/Volta Redonda