Era em um estádio de futebol que amava estar
Aos 7 anos, pisei no Mineirão pela primeira vez. Por muito tempo, esse dia acabou se misturando em meio às memórias e nem sendo lembrado de modo corriqueiro. Somente, 11 anos depois, durante a realização de um exercício da faculdade, notei a especialidade desse dia para mim. Sei que o jornalismo e o futebol são minhas paixões. Mas foi naquele instante, durante a realização de uma simples atividade, que passei a perceber, que o estádio foi feito a minha segunda casa.
Em uma tarefa do primeiro período da faculdade, deveria escrever acerca da minha primeira memória sonora marcante. Meu cérebro acabou me transportando para o ano de 2007 e a partir daí, recordei uma vivência importante. Foi nesse ano, a minha primeira vez em um estádio de futebol. Foi a primeira vez que vi o esporte com outros olhos.
Mas, e quanto a minha memória sonora?
A princípio, todo barulho do estádio, até então, desconhecido me assustou e em meio ao jogo, me agachar na cadeira e tapar os ouvidos, foi a solução. Como o lugar que me assustou se tornou um dos meus locais preferidos? Até o momento, não sei, porém, tenho ciência que na oportunidade seguinte, era ali que amava estar.
A paixão pelo futebol foi iniciada próxima a esse período, pelo meu pai, minha avó e meu irmão. Cada afeto, me foi passado de um modo. Cada um influenciou o que há em mim. Costumo pensar, que para a minha caminhada até aqui, uma sequência de emoções me despertaram, já que nunca soube o que seria hoje. Mas, sei que eles foram personagens essenciais para o que sou.
Tenho ciência que poder estar em um estádio, não me faz mais apreciadora e nem mais apaixonada. Também tenho ciência que estar ali, de modo despreocupado e sem dificuldades, ainda não faz parte da rotina da mulher. Infelizmente, ainda é preciso um esforço a mais para chegar e fazer do estádio e do futebol o nosso lugar.
A pandemia distanciou tal ligação, mas hoje, sem qualquer romantização, mesmo de longe, batalho para que minha paixão e lar, sejam espaços para todas as mulheres. Desejo que todas possam realmente se sentir em casa, ao pisar em um estádio, sem medo de estar. Por algum motivo, minha avó nunca esteve em um e isso me faz pensar que, apesar da evolução, o caminho é longo.
Em 2020, estive presente em estádios para a cobertura do futebol feminino. Confesso que me emocionei, por diversos motivos, e foi naquele ambiente vazio, na final do Campeonato Mineiro feminino, que tive a confirmação que estava no lugar certo. É esse o local que deveria fazer de meu segundo lar.
Foto de destaque: Divulgação/Mineirão