Agora é com elas: Um coração pequeno, mas com um amor enorme pelo esporte

Não é apenas laço sanguíneo que junta irmãos, o futebol também

Estar no meio do futebol sempre foi algo complicado para mim e para milhares de mulheres com a mesma paixão. É extremamente desconfortável se sentir menor em alguns lugares simplesmente, pelo ainda presente, o machismo.

Não sei dizer ao certo quando esse amor começou, mas sei bem quem me influenciou, me ensinou e acompanhava o futebol junto comigo: meu irmão mais velho. Apesar dos laços de sangue não existirem, nossa criação em conjunto fez com que o amor pelo esporte crescesse junto comigo. É engraçado lembrar, até. Nos horários de almoço, eu sempre queria comer vendo qualquer desenho, Tárcio não. Ele queria ver os programas esportivos que passavam no mesmo horário. Eu chegava a ficar chateada, afinal, desenho na TV no horário de almoço era sagrado.

Eis que chegou o dia que resolvi dar uma chance pra esse tal futebol que tanto falavam. Comecei a assistir com meu irmão e fazer 500 perguntas por dia. Desde o que era impedimento, até de que material era feito a bola. Passei a assistir jogos mesmo sem ter um time certo para torcer, até então eu não tinha.

Óbvio que meu irmão, gremista, também queria que meu amor fosse do tricolor gaúcho, mas meu coração teimoso escolheu outras cores. O vermelho e preto me conquistou de uma forma que não se expressa em palavras. Sim, eu desapontei meu irmão, mas ele já superou, ok? A raiva que, antes era só minha pela chateação de não almoçar vendo desenho, agora era de toda a família também. Domingo a tarde ver filme? Jamais. Era futebol!

Sempre quando me perguntam o motivo que faz eu gostar tanto assim de futebol, eu lembro do meu irmão. Hoje, muitos anos depois, sempre que entro no Instagram, por exemplo, tem uma mensagem dele falando sobre algum lance da rodada, um gol, uma curiosidade, tudo ligado ao mundo da bola e tenho muito orgulho de ter criado essa ligação com ele. A pessoa que sempre disse que eu podia comentar, jogar, criticar, dar minha opinião sobre, assistir e até escrever sobre, justamente meu trabalho e de muitas mulheres aqui no Rainhas do Drible.

Apesar do avanço e das milhares de mulheres que estão conquistando seu espaço, chega até ser clichê falar que ainda é pouco, mas é! É pouco ser uma entre dez homens falando sobre esporte. É pouco ser nomeada de “musa” de time x ou y, e ser ligada ao futebol apenas pela beleza.

Mas, estamos seguindo um caminho bem mais igualitário. Eu e todas as mulheres que fazem esse blog acontecer esperamos que por ser mulher, gostar de futebol não seja mais um obstáculo. Que a caminhada dentro do esporte não seja cem vezes mais difícil apenas por ser mulher.

Seguimos forte. Seguimos na luta!

Foto de destaque: Arquivo pessoal/Alana Katrine

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