Agora é com elas: Apenas mais uma história

Hoje estou aqui para contar a minha história, nem tão diferente da maioria, mas com toda certeza não muito igual 

Eu, desde pequena fui a parceira de estádio do meu pai. Ele sempre me incentivou a gostar e a entender sobre futebol, foi tudo bem natural e apaixonante. De alguma forma gostar de futebol me deixava mais perto dele, aliás, são gerações totalmente diferentes, unidas por uma paixão em comum. 

Não foi fácil crescer sendo uma mulher que ama futebol, comentários do tipo ‘’Maria chuteira’’, ‘’Você parece um homem vendo futebol’’, ‘’Você é tão mocinha, não pode gostar de futebol’’, me doíam tanto, e chegaram até um certo tempo me anular. Passei por um certo hiato, mas logo cai na real. Está tudo bem eu querer me maquiar para ir ao estádio e logo em seguida mandar o juiz para aquele lugar (risos), está tudo bem. Na arquibancada, assistindo o futebol, eu posso me expressar, eu posso ser quem eu realmente sou, sobre os olhares de julgamento é claro, mas ali eu estava livre.

Pois, nada melhor que o tempo. À medida que você cresce, vem o amadurecimento, eu sei que é clichê, mas é a mais pura verdade, eu comecei a entender que o problema não estava em uma mulher gostar de futebol, mas sim, por todo o ‘’preconceito’’ que estava envolvido. Mas como assim, gente? Se futebol é alegria, ela vale apenas para o gênero masculino? Não, não mesmo. Isso está errado e precisa ser mudado.

Então, chegou a hora de fazer a diferença, ou melhor, ser a diferença!

Comecei a corrigir cada comentário maldoso que ouvi sobre mulheres no futebol, então os discursos mudam né?

‘’Não precisa falar assim, é só uma brincadeira’’

De brincadeira em brincadeira eu ia corrigindo, me impondo, ia quebrando certos tabus, trazendo para mim a mesma força que é ser uma mocinha que gosta de futebol, a minha voz, o meu canto não podia calar, a arquibancada precisava me ouvir.

Lembra, que falei sobre o tempo e sobre fazer a diferença nos primeiros parágrafos? Pois bem, decidi cursar Publicidade e Propaganda para acabar de vez com esses estereótipos, pensa bem, estou na área da comunicação, vai ser mais fácil.

Ah pobre Mari, não sabia que a luta só estava começando, mas não tem problema, não podemos parar só porque a luta é longa, vamos para batalha com as armas que temos. Foi então que surge o Rainhas do Drible, a arma mais poderosa que eu poderia ter. 

O Rainhas do Drible, surgiu em um momento que a grande maioria estava sem forças, mas querendo muito fazer a diferença, então juntamos nossas armas, o que cada uma tinha de melhor, a escrita boa, o senso de humor, a busca pela informação, a organização, e o senso crítico, começamos por baixo, começamos a dar voz para nós primeiro, nos fortalecemos, conseguimos nos impor e agora estamos aqui, conquistando cada vez mais espaço, onde mulher gostar de futebol deixou de ser um simples ‘’chamar atenção’’ e passou a ser ‘’olha o que elas estão fazendo’’. 

É sim, hoje eu consigo fazer a diferença, talvez bem pequena, mas não importa, só de não me calar e ainda conseguir dar voz para mulheres, eu sei que estou seguindo o meu caminho certo. 

Foto de destaque: Arquivo pessoal/Marina Teodoro

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