Técnico Lisca repreendeu atitude da CBF com a pandemia do coronavírus e tabela da Copa do Brasil
Na noite da última quarta-feira, o técnico Renato Portaluppi deu a sua opinião sobre o desabafo de Lisca, do América-MG, que recriminou o início da Copa do Brasil na semana que vem mesmo com o país em colapso contra o coronavírus e hospitais superlotados. Depois do jogo do Grêmio contra o Brasil de Pelotas em Porto Alegre, Renato garantiu que o futebol “é o local mais seguro” no combate ao coronavírus.
Um pouco antes do jogo do América-MG contra o Athletic, pelo Campeonato Mineiro, Lisca chamou a atenção da CBF por causa dos deslocamentos dos clubes que disputam a final do nacional. Na opinião dele, a circulação de tantas pessoas entre estados pode prejudicar a já delicada situação do Brasil.
Eu adoro o Lisca, cada um tem sua opinião, mas eu queria deixar claro que o futebol é o local mais seguro. Estamos fazendo um favor para o povo, porque, quando jogamos, é um motivo para o torcedor ficar em casa” — disse, Renato Portaluppi, técnico do Grêmio
Na entrevista coletiva, o treinador do Imortal, foi convocado a dar sua opinião sobre as observações de Lisca. Defendeu a continuação dos jogos e afirmou que, na sua opinião, o futebol é positivo por promover entretenimento e ajudar a manter as pessoas em casa. Ao mesmo tempo, disse que o país não pode “parar” por conta pandemia.
– Eu adoro o Lisca, cada um tem sua opinião, mas eu queria deixar claro que o futebol é o local mais seguro. Estamos fazendo um favor para o povo, porque, quando jogamos, é um motivo para o torcedor ficar em casa. Mas não pode parar tudo no Brasil, daqui a pouco a pessoa não sai de casa, mas está morrendo de fome. É difícil essa situação, alguns não vão concordar, mas é a minha opinião – disse Renato.
Essa posição de Renato confirma uma mudança de atitude do treinador. Lembrando que em março do ano passado, quando o país registrava poucos casos e mortes por coronavírus, o técnico e todo o time do Grêmio entraram em campo de máscaras antes da partida contra o São Luiz, pelo Campeonato Gaúcho, em protesto pela paralisação do futebol no país.
Quase um ano depois, o Brasil já registra 259.402 mortes e 10.722.221 casos de coronavírus. Na quarta-feira, 1.840 pessoas morreram por causa da Covid-19.
No Rio Grande do Sul, todas as regiões do estado estão em bandeira preta, que significa altíssimo risco para o coronavírus na escala de classificação do governo e impõe restrições no funcionamento do comércio e outras atividades. Já foram contabilizadas12.833 mortes por Covid-19 no estado e hospitais de Porto Alegre estão operando acima da capacidade de ocupação dos leitos de UTI há vários dias.
E o futebol, apesar dos testes e protocolos sanitários, não está isento ao contágio. Segundo o Esporte Espetacular, foram registradas 302 infecções de jogadores pelo vírus durante o Campeonato Brasileiro.
A indignação do técnico do clube mineiro ocorreu após o América divulgar três novos casos de Covid-19 no elenco principal. Em São Paulo, o Corinthians afastou oito jogadores que foram infectados pelo vírus. Para sustentar seu argumento, o comandante gremista citou a quantidade de testes e cuidados que os clubes têm no dia a dia.
– É uma situação delicada, porque essa variante está em todo lugar. Por um lado, as pessoas que estão com seu comércio fechado criticam o futebol. Uma, que o futebol prende as pessoas em casa. Outro fato é que quem trabalha no futebol são pessoas capacitadas. Somos testados a cada três dias. Então, no momento que alguém tem algum sintoma, é imediatamente mandado pra casa – reforçou Renato.
Ontem, o Grêmio viajou para Atibaia, no interior paulista, onde iniciará a concentração para o jogo de volta da final da Copa do Brasil contra o Palmeiras. A medida, segundo Renato, é mais um motivo para evitar que os jogadores fiquem expostos e exponham outras pessoas ao vírus.
A decisão da Copa do Brasil ocorre nesse domingo, no Allianz Parque, às 18h. O Grêmio precisa vencer o Palmeiras por dois gols de diferença para ser hexacampeão. Vitória por um gol leva aos pênaltis.
Foto de destaque: Lucas Bubols/GE