O técnico do time inglês não esconde sua afinidade por Bale, e diz que sua função é essencial no elenco
José Mourinho é fascinado em dar show à imprensa. A cautela manda nunca levar o que ele diz muito ao pé da letra, sem saber qual é a sua estratégia, quem pretende motivar, blindar ou pressionar.
Entretanto, é nas declarações mais pedestres que se encontra a relevância. Pois, ao dizer que seu time precisa do talento de Gareth Bale, após fazer um jogo impecável na goleada sobre o Burnley, Mourinho acertou em cheio: precisa mesmo.
Estou muito feliz por ele, muito feliz pelo time porque precisamos do seu talento. E eu fico feliz porque quando sua condição física é boa, ele pode fazer coisas assim. Seu jogo foi muito bom, não apenas marcando, mas, mudando de velocidade, sobretudo, por dentro. Estou muito feliz por ele. Afirmou Mourinho a Sky Sports.
A temporada do Tottehham começou perfeitamente bem, com vitórias e em confrontos diretos (às vezes, as duas em 1 só, como no 6×1 no duelo contra o Manchester United), parecia que o time de Mourinho tinha dado um passo a frente para conseguir vencer com mais regularidade, mas, a partir de dezembro as vitórias começaram a rarear. A vitória sobre o Burnley, foi apenas a quinta em 16 rodadas da Premier League.
Quando as coisas não dão certo ao Tottenham , é geralmente uma de duas alternativas: ou marcou o primeiro gol, recuou e não conseguiu matar o jogo no contra-ataque, nem resistir a pressão até o fim ou teve dificuldades de fechar defesas fechadas. Ofensivamente, o time de Mourinho tem apostado muito em altas transições por terra (com alguém arrancando) ou por ar (com lançamentos para ganhar pelo alto e segurar a jogada na frente).
As qualidades individuais dos jogadores são importantes em todas as situações, porém, são ainda mais essenciais ao Tottenham quando o time tem a posse de bola contra dez adversários amontoados na grande área – o que ocorre com frequência no futebol europeu como um todo hoje em dia e dificulta em transições rápidas. Não à toa, a arrancada inicial foi impulsionada por momentos fantásticos de Son e Kane. Quase todo jogo um deles marcava com assistência do outro.
A dependência era tanta que ficou insustentável. Kane perdeu dois desses 16 jogos, mas, os resultados ruins começaram antes da sua lesão no tornozelo e perduraram mesmo após o seu retorno – passou em branco nas derrotas para o Manchester City e o West Ham.
E é aqui que entra Bale. Mourinho tem cabelos brancos demais para mudar seus hábitos agora. Se for continuar a depender das individualidades, é melhor ter três do que duas. Afinal, menores são as chances de haver um jogo em que todos eles estão jogando mal – e ainda há mais jogadores talentosos nesse elenco como o brasileiro Lucas Moura, Ndombélé, Lo Celso, Lamela e Bergwijn para dar apoio .
Com 70% da sua melhor forma, Bale tem todos os atributos necessários. É extremamente inteligente, chuta de qualquer lugar com perigo, sabe driblar, corre mais rápido que todo mundo e ainda é bom no jogo aéreo.
Todavia, ainda é cedo para saber se ele conseguirá ser um jogador importante com consistência. Se conseguir, pode elevar o time de Mourinho a outro patamar. A sua qualidade individual pode ser essencial para desarmar ferrolhos defensivos e elevar o Tottenham a competições europeias.
De certa forma, o retorno de Bale foi uma aposta do Tottenham, que trouxe por empréstimo um jogador que já esteve entre os melhores do mundo, que tem uma identificação com o clube, para descobrir o que ainda poderia tirar dele. Por enquanto recebeu pouco em troca, mas, os sinais dessa mini-sequência mais recente são bons.
Foto de destaque: Spurs na veia