O atacante Marinho, destaque do Brasileirão, é um dos atletas mais engajados nas lutas sociais
Mário Sérgio Santos Costa, ou simplesmente Marinho, é um dos principais jogadores da atualidade do futebol nacional. O atacante do Santos é destaque no Campeonato Brasileiro dentro e fora de campo. Além de sempre estar na mídia pelos seus incríveis gols marcados, como o apelidado mini míssil aleatório, Marinho busca sempre se posicionar nas mais diversas causas sociais.
Começando a carreira nas categorias de base do Corinthians-AL, o jogador fez sua estreia profissional vestindo a camisa do Fluminense, do Rio de Janeiro, em 2008. Desde então, passou por 11 clubes até ser envolvido em uma negociação entre Grêmio e Santos, em maio de 2019.
Atuando pelo Peixe, onde tem vínculo até o fim de 2022, Marinho só se destaca a cada dia. Apesar de ainda não ter conquistado nenhum título, o clube foi o vice-campeão do Brasileirão do ano passado e neste ano também disputa na parte de cima da tabela, além de ainda estar vivo na Libertadores.
Com um total de 59 jogos, 28 gols e 10 assistências, o atacante vai se distanciando da imagem de “meme” para ter o devido reconhecimento como grande craque do futebol brasileiro atual, como pedido pelo próprio. Em novembro de 2019, no intervalo do jogo contra o Botafogo, na Vila Belmiro, e depois do episódio do “mini míssil”, o repórter do ‘SporTV’ pediu nome ao gol que Marinho havia marcado, mas o atleta se incomodou.
Não vou dar nome para esse gol não. É o trabalho que venho fazendo. Muita gente me conhece só por meme. Então, vocês têm que começar a olhar um pouquinho pra mim também como jogador de futebol. Porque eu sou bom pra car**** também”, declarou o atacante, que ficou ainda mais conhecido pela épica frase “sabia não” quando ainda atuava pelo Ceará, em 2015.
Muito além dos gramados
Sem sombra de dúvidas, Marinho merece demais ser reconhecido pelo grande jogador que se torna a cada treino e a cada jogo. Contudo, muito além das quatro linhas, o alagoano precisa de destaque nas suas causas sociais.
Defensor de movimentos importantes, principalmente o antirracismo, o atleta usa o seu espaço de fala e a sua importância na influência de tantas pessoas para dar voz ao que realmente importa na sociedade não só brasileira, mas mundial. Em julho deste ano, inclusive, Marinho se envolveu em uma discussão pública com o comentarista Fabio Benedetti, da rádio ‘Energia 97’.
Na ocasião, o Santos foi derrotado por 3 a 1 para a Ponte Preta pelo Campeonato Paulista e, durante a transmissão, Benedetti foi questionado sobre o que diria para o jogador se estivesse em um grupo de WhatsApp. A resposta foi extremamente racista: “Você é burro, você está na senzala, você vai sair do grupo uma semana para pensar no que fez”, disse o comentarista.
Depois da partida, já nas redes sociais, Marinho não se calou e reagiu por meio de um vídeo postado em seu perfil do Instagram, onde estava visivelmente emocionado enquanto pronunciava o seu discurso.
Quando a gente passa na pele é horrível. Eu sei quem eu sou e o valor que eu tenho. Muita gente que não tem voz ativa, abaixa a cabeça e anda. Mas hoje eu tenho voz ativa e luto pela causa, contra preconceito e qualquer outro tipo de discriminação. Quer me julgar por atitude em campo? Ok! Errei e estou aqui para assumir. Sou preto e orgulhoso de quem sou. Tenho orgulho da minha cor, orgulho de onde vim, você é pai, ensine teus filhos a ser diferente de você em pensamento. [Estou] ensinando minha filha como se deve andar e mostrar que é orgulho e não vergonha ser preto”, desabafou.
Com a repercussão do caso e do discurso do atacante, Marinho recebeu muito apoio de famosos e fãs nos comentários da publicação e conseguiu atingir Benedetti, que publicou ser “totalmente contrário a qualquer tipo de discriminação” e lamentou o ocorrido. “Em momento algum tive a intenção de ofender ninguém. Nas próximas semanas, estarei cedendo meu lugar de fala para promover a discussão sobre um assunto tão necessário e urgente na sociedade e no esporte”.
O Santos também se pronunciou, sendo incisivo no discurso publicado.
Não basta não ser racista, é fundamental ser antirracista. Infelizmente, o racismo estrutural ainda é algo sempre presente em nossas relações, assim precisamos e seguiremos repetindo a mesma mensagem de repúdio a qualquer tipo de preconceito quantas vezes for necessário”, divulgou o clube.
Além disso, o Alvinegro do litoral paulista ainda pediu que racistas, xenófobos e preconceituosos não compareçam aos jogos, não sejam sócios, não usem os produtos oficiais e “melhor ainda: nem torçam para o Santos”.
Foto de destaque: Ivan Storti/Santos FC