Homenagem feita à Chapecoense em 2016 após o trágico acidente. Imagem: Getty Images

Não pode ser apenas futebol: 4 anos de Chapecoense

Crônica escrita no dia 27 de novembro de 2016, em homenagem ao time que encantou o Brasil e a América Latina

Não é só futebol. Futebol acaba quando o juiz ergue os braços, aponta para o centro e apita. Quando o campeonato encerra, quando as bolas e as bandeirinhas são guardadas e as luzes desligadas.

Não é só futebol. Futebol tem tempo para começar e encerrar. Às vezes dura menos, às vezes dura mais e apenas um intervalo de 15 minutos separa uma disputa da outra.

Não é só futebol. Futebol cobra um uniforme com meião, chuteiras e luvas – para os goleiros. Em peladas informais, os itens são descartados.

Não é só futebol. Futebol tem regras estabelecidas: a mão não pode tocar na bola e o atacante sempre deve estar bem posicionado, para não levar uma bandeira de impedimento.

Não é só futebol. Futebol tem cartões punitivos, burocracias e até injustiças.

Não é só futebol. Futebol tem fair-play.

Não é futebol. São vidas.

Ao todo, 76 que deixaram sonhos, histórias, familiares e amigos. Que vestiam uma camisa simbólica e, a partir dela, levavam alegria para diversas pessoas, dentre elas milhares de desconhecidos.

Vidas que podiam, sim, ter sido unidas pela possibilidade de jogar bola ou de auxiliar aos que jogavam, mas dotados de planos além das quatro linhas.

Jornalistas sedentos por informações, desbravando territórios desconhecidos, em busca de uma digna cobertura àqueles que ficam em suas casas, com seus televisores e smartphones, buscando por novidades. Ou até tripulantes cumprindo com suas obrigações profissionais.

Hoje, o grito de campeão engasga. Não pela incapacidade da Chapecoense em trazê-lo para casa. Todo mundo reconheceu a força que vem do espírito de Condá nos últimos dias, nos últimos anos…

Mas pela incapacidade de compreendermos os mistérios e as vontades de algo superior a nós. Que nos presenteia com momentos tão belos, como a última partida do time catarinense na Sul-Americana, e nos fere como fez no dia de hoje.

Não pode ser apenas futebol quando não há possibilidade de reverter o resultado. E, se for, as regras pertencem apenas à vida. Só nos resta assistir à partida.

Vamos, Chape!

Foto de destaque: Getty Images

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