Uma homenagem de quem não viu Maradona jogar, mas que reconhece sua grandiosidade
Nasci em 1994. Ano do pentacampeonato brasileiro. No dia do meu nascimento, Bebeto já tinha ninado um neném imaginário nos braços, Taffarel já tinha feito a grande defesa contra a Itália e o Galvão tinha se consagrado com o inesquecível “É TETRA!!!”.
Talvez os deuses do futebol depositaram em mim o apreço pela modalidade por conta da emoção vivida na Copa do Mundo, mesmo dentro de um útero. A partir daí, me tornaria – assim como me tornei – uma apaixonada, fissurada e encantada pelo maior esporte já criado por algum ser humano bem inspirado e iluminado por Deus.
Antes de mim vieram outros apaixonados, encantados e fissurados pela ‘pelota’. Entre eles, Diego Armando Maradona. Um argentino que nasceu em Lanús, cidade localizada na província de Buenos Aires, e que aos nove anos iniciou uma trajetória que nunca mais morrerá ou será esquecida.
Diferentemente da minha pessoa, uma mera mortal que tem a função de apreciar e relatar o que vê, Maradona se tornou um Deus. Ou melhor, um D10s, como ficou conhecido após a campanha exemplar no torneio de 1986, onde trouxe o cenário político para dentro de campo e ‘vingou’ a Argentina em cima da Inglaterra.
Com gols questionáveis ou não, Don Diego transcendeu. Tudo isso porque foi além das quatro linhas, além de gols importantes, além de aquecimentos diferenciados e além da própria regra. Ele foi a própria regra e o resgate da alegria, da festa e do orgulho de um povo e torcida que, por muito tempo, teve estes sentimentos sucateados.
O “mais humano de todos os deuses”, como citou Eduardo Galeano, jornalista uruguaio que pôde definir com tanta maestria o que seres divinos podem fazer, mesmo que estes tenham carne osso e errem bastante. Mas, em contrapartida, trazem em si a grandiosidade para serem perdoados e santificados.
El Pibe foi isso. De uma intensa existência de 60 anos e 26 dias que marcou e chegou ao sobrenatural, para quem concorda ou para quem se aproxima de achar válido, mas acredita que em minhas palavras há hipérbole em demasia.
Quem pôde apreciar seu show em campo, fica a minha admiração. Quem não pôde, assim como eu, fica a minha recomendação. Aos moralistas que questionam escolhas que não os cabem, fica apenas o meu lamento.
A Maradona, ‘muchas gracias!’. Por marcar a história do esporte que ele tanto amou e, em recompensa, o tornou em um ser divino.
Foto de destaque: Getty Images