Aila vem sendo grande destaque do time na disputa do Campeonato Brasileiro A2
A cada dia mais o futebol feminino vem crescendo de diversas maneiras e o Esporte Clube Bahia faz parte disso. O clube investiu arduamente na categoria, investimento que não ficou somente no campo, mas também fora dele. E, a partir disso, tornou-se possível dar visibilidade para belas histórias, como a da zagueira Aila Santana.
Para começar tudo isso, é preciso falar de paixão e no coração da camisa três isso tem para dar e vender. A relação dela com o esporte iniciou cedinho, com o pai, que é uma peça importante nessa história.
Ele levava ela para assistir aos jogos e também deixava “brincar” em um campinho no fundo de casa, com alguns amigos. Tudo isso foi importante para que Aila iniciasse seu carinho pela modalidade.
Eu e meu pai sempre assistíamos aos jogos juntos, tanto em TV ou alguns que aconteciam lá no interior. Ele jogava com os amigos em um campo no fundo da minha casa, deixava eu jogar só alguns minutos por ser bem nova no meio dos caras, mas ali pra mim sempre era maravilhoso, ele sempre me incentivava”, contou.
Com o apoio da família, algo muito importante para as atletas do futebol feminino, Aila foi crescendo cada dia mais. Nascida e criada na Bahia, na cidade de Rafael Jambeiro, a zagueira começou seu futebol em uma posição um pouco diferente, no ataque. Ela falou ao Rainhas do Drible um pouco sobre cada posição.
Gostava bastante da posição (de atacante), meu treinador que me pôs nela por conta que eu era bastante veloz, me adaptei fácil. No começo (quando troquei) me atrapalhei bastante, mas logo fui pegando o jeito. Penso no ‘o que eu faria’, claro que nem todas pensam igual, mas eu tiro uma boa noção quando me pergunto isso nas jogadas e acabo me saindo bem”, disse.
E como se sai bem, hein? Em 2019, a camisa três foi eleita a melhor zagueira do Campeonato Baiano. Isso também soma para o ano de 2020, que ela vem sendo peça chave nas partidas que o Bahia disputa, ajudando na classificação do time para a primeira fase mata-mata do Campeonato Brasileiro A2.
O time ainda está em busca da vaga na primeira divisão do campeonato, mas podemos ter certeza que Aila Santana já marcou seu nome esse ano no coração de muitas pessoas.
A relação com o Bahia
Como contei para vocês, Aila nasceu em Rafael Jambeiro, uma cidade no interior da Bahia. Ali começou a crescer todo seu amor pelo esporte e também pelo clube. Isso mesmo, o famoso Esporte Clube Bahia, time do coração da atleta.
Como o futebol feminino ainda está em crescimento, algumas pessoas acham que falar seu time do coração só atrapalha, mas para Aila isso ajuda. “Não vejo que atrapalha não. Na verdade, quando comecei a jogar no Bahia, evolui mais meu lado torcedor. Tem certas coisas que nós, torcedores, não entendemos em certo momento ou em certas partidas e meu lado atleta me fez perceber isso. Diminuir até minhas cornetagens [risos]”.
Ela possui uma ótima relação com o clube, família toda torcedora de aço (apelido dado ao clube). Mas uma parte muito legal dessa história se mostra no fato de Aila ser sócia-torcedora do Esquadrão!
Jogar no Bahia é uma sensação única, posso dizer que um dos meus primeiros sonhos está sendo realizado, toda vez que entro em campo representando o Bahia realizo o sonho e isso é maravilhoso demais tanto pra mim quanto pra minha família”.
Conhecida como “zagueira artilheira”, apelido carinhoso que a torcida lhe deu, Aila vive um sonho no time e espera poder ajudá-lo e fazer com que ele cresça cada dia mais, seja trazendo títulos ou dando toda sua raça nos gramados.
Para quem não conhece muito o EC Bahia, o time é um dos que mais se posicionam em questões “polêmicas”, aquelas que escutamos que “isso não se mistura com futebol”. Tirando esses comentários, temos o lado da representatividade, dentro e fora de campo.
Acho muito importante todo esse posicionamento (do clube). O futebol, hoje, tem uma grande visibilidade em todos os meios de comunicação, precisamos usar isso para levar informações boas e necessárias para a humanidade, defender as causas e lutar por elas. Me sinto muito bem representada em todas as ações”, comentou.
Aila conta que só tem agradecimentos ao time, seja por conta de posicionamento ou estrutura que é oferecida para cada uma.
Nem tudo são flores
Infelizmente, lesões fazem parte da vida de todo atleta e com Aila não foi diferente. A zagueira sofreu uma lesão no joelho, em 2015, quando acabara de chegar no time São Francisco do Condé.
Com o pouco investimento na categoria, Aila teve que fazer uma “vaquinha” para conseguir realizar a cirurgia. “Posso dizer que foi o momento mais triste de minha carreira, foi um momento de dúvida, medo e desespero”, contou.
Mesmo assim, existe aquele famoso ditado “depois da tempestade, vem a calmaria”. Após conseguir realizar a cirurgia, tudo começou a se ajeitar. Aila contou que agradece muito pelas pessoas que estavam na sua vida naquele momento.
Pude me firmar e continuar enfrentando todos os meus medos e angústias por conta da lesão, é algo que não desejaria a ninguém! Me fez evoluir muito, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Acho que quando acontece algo de ruim nas nossas vidas, sempre é para melhorar depois, é um aprendizado”, concluiu.
O futebol feminino
Como o futebol feminino está começando o seu crescimento, é muito normal termos “rivais” que são amigas fora dos gramados. E isso acontece com Aila! Ela é muito amiga de uma conhecida da torcida corintiana, a Ingryd.
No futebol conhecemos várias pessoas e acabam que muitas delas entram no nosso ciclo de amizades. Sou uma pessoa bastante extrovertida, então já sabe, né. Sempre faço uma nova amizade onde vou”, disse.
Além das amizades, a camisa três do Bahia também falou um pouco sobre o crescimento da categoria, algo que vem sendo muito abordado pela mídia. “É de encher o coração de alegria. O futebol feminino vem em uma crescente linda e vai crescer muito mais! Isso não é nada, mais nada menos que a colheita de uma luta dolorosa que as veteranas plantaram lá atrás, hoje damos continuidade para que uma nova geração possa desfrutar de coisas melhores ainda lá na frente”.
O futebol feminino é bonito nos olhos de quem vive, seja dentro ou fora de campo. A amizade representa a união, que vem fazendo a força. É exatamente isso, um empurrando o outro para crescer, é disso que o futebol precisa.
Foto de destaque: Divulgação/Instagram