Raízes Negras – Formiga, a relíquia do futebol: mulher, negra e baiana

Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, a recordista entre homens e mulheres: é a única atleta que participou de sete Copas do Mundo

Mulher, negra, brasileira, baiana e jogadora de futebol: Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, é uma relíquia da Seleção Brasileira de futebol feminino.

Formiga é um fenômeno no meio do futebol. Isso porque ela é a jogadora recordista mundial em participações de Copas do Mundo feminina e permaneceu na Seleção Brasileira durante 22 anos. Viu evoluções, quebras de paradigmas e foi fundamental para uma mudança de olhar do país para o futebol disputado entre mulheres.

Dentre as oito edições, ela esteve em sete, não participando apenas na de 1991. Ao todo, disputou 181 jogos vestindo a amarelinha. Foi duas vezes vice-campeã olímpica e uma vez vice-campeã mundial de futebol. A meia se despediu da Seleção na última Copa, em 2019.

Começo no futebol

Natural de Salvador, na Bahia, Formiga logo nos primeiros anos de vida descobriu a sua paixão pelo futebol. Segundo a jogadora, desde pequena, adorava procurar objetos redondos para chutar. Única filha mulher da família, Formiga, como diz a mãe da jogadora, “nasceu pedindo bola”. No subúrbio de Salvador, na Bahia, deu os primeiros chutes nos campinhos do local. Muitos desses chutes foram escondidos dos dois irmãos mais velhos.

Aos 12 anos, iniciou oficialmente no esporte. Em um jogo do qual participava, foi chamada de formiga por um espectador, devido à dedicação em campo. Logo o apelido pegou e virou sua marca.

Começou no futsal (Euroexport). Passou para o futebol em seguida e logo foi revelação do Campeonato Baiano, desfilando seu futebol nos gramados do Estádio de Periperi. Logo depois, aos 15 anos, foi revelação do Brasileiro, o que levou à sua precoce convocação à Seleção, aos 16 anos de idade. Com a camisa verde-amarela, viveu por gerações.

Já jogou em clubes como Portuguesa, São Paulo, Santos e, mais além, avançou para os internacionais New Jersey, Jersey Sky Blue, Chicago Red Stars e Paris Saint-Germain, onde joga até hoje.

Clubes onde jogou:

1993-1997: São Paulo

1998: Portuguesa

1999: São Paulo

2000-2001: Santa Isabel

2002-2003: Santos

2004-2005: FC Rosengard

2006: New Jersey Wildcats

2007: Jersey Sky Blue

2007: Saad

2008: Botucatu

2009: FC Gold Pride

2010: Chicago Red Stars

2010-2016: São José

2016: São Francisco

2017 até hoje: Paris Saint-Germain

Luta contra os preconceitos

Em entrevistas, Formiga sempre garantiu que nunca se importou com estereótipos. Segundo a atleta, o preconceito sempre esteve junto na sua trajetória. Quando não era em função da cor da pele, revelava-se por seu gênero. “Os amigos dos meus irmãos ficavam dizendo que aquilo (jogar futebol) era feio, coisa de mulher-macho. Tinha esse lado, até porque sou a única mulher no meio de quatro irmãos”.

A atleta afirma ter driblado o racismo nos gramados. “Quando o torcedor xingava a mim e a uma colega, eu pedia calma para ela. Disse para focarmos no que estava acontecendo em campo. Jogamos bem, vencemos o jogo e depois ele quis tirar foto com a gente. E eu tirei”.

A atleta do PSG, da França, deu uma entrevista ao ‘Portal Notícia Preta’, em 2019, em que afirmou: “Sempre quando posso tenho conversas com as meninas, principalmente no Brasil, em relação ao racismo. Só o fato de ser negra e nordestina já se sofre um preconceito muito grande, com certeza. E, sem dúvida, tratando-se de mulher e negra, em qualquer área de trabalho há olhares tortos. Vejo poucas mulheres, poucos técnicos também negros no comando, é um absurdo. Eu condeno totalmente pessoas que agem desta forma”, disse ela.

Foto de destaque: Divulgação/CBF

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