Jaqueane é treinadora do time mineiro há três meses e falou para o Rainhas do Drible sobre sua carreira e expectativas
Dentre os três grande clubes da capital mineira, Jaqueane Correa é a única mulher que ocupa o cargo de treinadora. Ela chegou ao América recentemente e vem comandando o time na disputa da Série A2 do Campeonato Brasileiro feminino. Esta é sua primeira vez como técnica de uma equipe profissional.
Antes de sua chegada ao clube mineiro, Jaqueane havia sido preparadora física do time feminino do Vasco da Gama. Segundo ela, essa experiência vem contribuindo de modo essencial para o seu trabalho como treinadora.
A minha experiência como preparadora física foi essencial para que eu me tornasse uma treinadora de percepção diferente, que percebesse que as vias metabólicas e também os processo de treinamento, a parte física, são essenciais para que a parte tática e técnica, também psicológica de uma forma integrada, dessem certo dentro do planejamento”.
O recente trabalho como treinadora do América também marca a primeira vez de Jaqueane Correa como técnica de uma equipe de futebol feminino profissional. Ela também falou sobre suas expectativas futuras com o time e como tem sido essa experiência inédita.
As minhas expectativas são as melhores, até porque nós estamos fazendo bons jogos, temos um plantel de jogadoras experientes e novas, que vêm buscando experiência, cada vez mais se desenvolvendo e se formando melhor. Acredito que nós estamos no caminho e vamos trabalhando diariamente para atingirmos nossos objetivos”.

Está sendo muito gratificante e estou muito feliz com os processos implantados com as meninas nesses três meses de trabalho, confiança e respeito. É um grande desafio conquistar as meninas de acordo com os processos e alimentar cada vez mais os conteúdos, para que elas tenham uma formação melhor para o desenvolvimento do futebol feminino”.
O futebol feminino em si, apesar de ter conquistado importantes feitos, ainda enfrenta muitas dificuldades. Dentre as equipes do Brasil, as do Estado de São Paulo, muito pelo bom trabalho e esforço feito por Aline Pellegrino e, hoje, por Ana Lorena, que está à frente da categoria na Federação Paulista de Futebol (FPF), em buscar de melhorar as precariedades, são referências.
Quanto ao futebol feminino mineiro, apesar da maior visibilidade e apoio já conquistados, a Federação Mineira de Futebol (FMF), adjunto aos clubes, ainda precisa olhar a categoria com mais cuidado. A participação de somente quatro equipes na próxima edição do Campeonato Mineiro feminino, também ocasionada pela pandemia, é um reflexo disso.
O futebol feminino é um projeto que demanda tempo e atenção. Perguntei à Jaqueane Correa o que ela acha que pode ser feito para que a categoria mineira se torne referência no país.
Acho que o futebol mineiro já é uma referência, não só o mineiro, mas como os de outros Estados, com uma competição muito forte e clubes muito bem estruturados, apresentando um plantel de atletas muito boas e experientes. As competições, cada vez mais em todo o país, vêm se fortalecendo com o apoio ao futebol feminino, a integração do clube para apoiar as meninas a jogarem, a dar uma estrutura melhor, igualdade de salário e entre outras coisas. Acredito que Minas já é uma grande referência, em relação à competição”.

No momento, o América disputa a Série A2 do Campeonato Brasileiro feminino. O time é o 2º colocado no Grupo D, com seis pontos conquistados, e briga por uma vaga para a próxima fase da competição. O Campeonato Mineiro está previsto para ser iniciado no dia 14 de novembro e a equipe deve conciliar sua participação nas duas competições.
A gente percebeu que, realmente, pode ser que (o Campeonato Mineiro) comece mesmo, até o momento, dia 14 de novembro. Estaremos competindo o Brasileiro, assim como o Atlético-MG. Acredito que isso é planejamento e nós já começamos a nos planejar para essas duas competições. Pensando em questão de desgaste e de lesão, é importantíssimo esse planejamento junto com a comissão, para que consigamos conciliar, ir bem e atingir os objetivos nos dois campeonatos e não só no Brasileiro”.

É importante considerar que no Brasil o espaço para as mulheres que desejam ser treinadoras é restrito, e que no futebol masculino profissional nenhuma mulher é vista no comando de uma equipe. Tendo em vista isso, pedi a opinião de Jaqueane acerca do porquê desse universo ainda ser muito limitado.
Acredito que cada vez mais as mulheres vão se ingressando dentro do futebol feminino e no mercado, como comissão, pelo fato da capacitação dos processos de ensino. Mas falta uma coisa, que é a oportunidade para que mais mulheres estejam trabalhando como treinadoras no nosso país”, finalizou ela.
Foto de destaque: Mourão Panda/América