Clubes se posicionaram após vários jogadores argentinos serem acusados de agressões a suas esposas e namoradas
Os frequentes casos de violência contra a mulher no futebol argentino, por parte dos jogadores, levaram alguns dos principais clubes do país a criar um protocolo especial para defender mulheres que tenham algum tipo de ligação com o esporte, sejam namoradas/esposas de jogadores, funcionárias do clube ou torcedoras.
De acordo com Mercedes Palazzo, integrante do Feminismo Xeneize e Agrupación Nuevo Boca, esses acontecimentos estão ligados com a falta de visibilidade em relação à tal violência, e que o protocolo tem a função de proteger e garantir que todas as mulheres ligadas ao futebol, estejam livres de qualquer tipo de agressão.
“Têm questões que enfrentamos sempre e que tem a ver com a invisibilização da violência. Então, todas as mulheres que estão nas arquibancadas, em qualquer arquibancada, considero que somos sobreviventes da violência.” -explica Mercedes.
“Se uma jornalista ou uma repórter cinematográfica está no ambiente do Boca, este protocolo tem que protegê-la. Em todas as atividades ligadas ao clube. Sócias, esposas de jogadores, dirigentes, empregadas do clube. É preciso garantir que todas estejam livres de qualquer tipo de violência.” -completou.
Ricardo Centurión (ex-São Paulo) e Jonathan Cristaldo (ex-Palmeiras), são dois dos 14 jogadores do futebol argentino denunciados por violência contra a mulher, nos últimos seis anos. O caso mais grave foi o de Alexis Zárate, condenado em 2017 por estupro e preso em agosto de 2020, após perder o recurso.
O primeiro clube da Argentina a ter um departamento exclusivo de combate à violência contra a mulher foi o Vélez Sarsfield, em 2018. A partir daí, o clube passou a contar com um protocolo especial para tratar do assunto. Segundo a diretora do departamento, Paula Ojeda, a única maneira de previnir e mudar essa realidade, é através da educação.
O projeto do clube cresceu no início deste ano, quando o Vélez anunciou que todos os novos jogadores contratados passariam a ter uma cláusula que permite a rescisão unilateral pelo clube, sem custos, em caso de violência contra a mulher. Tal medida foi tomada após a contratação de Centurión, acusado em 2017 por violência verbal e física contra sua ex-namorada.
Logo, outros clubes passaram a seguir o exemplo do Vélez. O San Lorenzo anunciou mês passado, que os novos contratos do clube terão a mesma cláusula. Os gigantes, River Plate e Boca Juniors, também trabalham na criação desse protocolo, porém ainda estão na fase de implementação do projeto.
Foto de destaque: Paula Ojeda, diretora do departamento de violência contra a mulher – Divulgação/ Globo Esporte