Mulher pode sim narrar um jogo de futebol

Mulher pode sim dar voz aos jogos. Inclusive, deve! Não há espaço para o silêncio

“Mulher narrando futebol é feio. Onde já se viu? Não tem voz para isso”. Frases como essa, infelizmente, ainda são comuns de se ouvir. E até quando? Silêncio. Já basta. Mulher tem voz para narração esportiva e seu espaço deve ser prezado.

A mulher está no jornalismo esportivo desde 1960. As pioneiras ocuparam até vestiários masculinos buscando entrevistas. Mas quantas vozes femininas já vimos narrando?

Em 2017, dois jogos do Brasileirão Série A foram narrados por duas mulheres. O último registro de uma narração guiada somente por mulheres tinha sido feito em 1960. Após isso, somente em 2017. Levando os nomes de Claudete Troiano, Jurema Yara e Leilah Silveira.

Analisando essas datas, já se considera possível encontrar o ponto preocupante da conversa. O protagonismo é sempre masculino, em pleno século XXI.

Muitas barreiras são postas. É um espaço limitado e ninguém sabe explicar o porquê. A voz não serve? Isso não deveria nem ser argumento. O problema é, de fato, a narração ou ter uma mulher por trás do microfone?

Nesse momento, o famoso campeonato europeu Champions League está com sua equipe feminina em campo. E nada mais justo do que mulheres comentando e narrando. A representatividade deve ser completa.

A jornalista Renata Silveira fez sua estreia no último dia 21, na ‘ESPN Brasil’, dando voz à partida de Barcelona e Atlético de Madrid. É a primeira vez que o Brasil terá a transmissão completa de outras etapas da edição, além de somente a final da liga feminina.

Renata foi vencedora do prêmio “Narra quem sabe”, da ‘Fox Sports’, e foi contratada como uma das primeiras a realizarem o feito de narrar uma Copa do Mundo.

É uma evolução. E a tendência é sempre pensar além, sempre ir à frente. Mas o machismo estrutural atrela tais avanços a grandes dificuldades. Muitos não aceitam que mulheres têm ganhado seus espaços e que podem realizar atividades como essa. Mulheres no topo gera revolta, gera repulsa daqueles que não compreendem que muitas estão conquistando seus espaços.

Nunca serão caladas, silenciadas ou postas para baixo. Podem e devem narrar. O que impede? O que faz com que mulheres que entendam de um dos esportes mais famosos do mundo não possam ter esse espaço? Qual o argumento? Lógico, além desse machismo mascarado.

A inclusão deve ser completa. A felicidade no coração das amantes do esporte de verem grandes jogadoras em campo já é algo indescritível. Vemos mulheres inteligentíssimas em mesas redondas, antes ocupadas só por homens. A narração deve-se guiar no mesmo patamar.

Lugar de mulher é na torcida, dentro de campo, nas mesas redondas, no jornalismo e também na narração. Não podemos nos calar, independente do que virá junto a isso.

Foto de destaque: Divulgação/Fox Sports

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