Carta aberta a um ídolo: Neymar está mais ‘on’ do que nunca

Neymar foi alvo de algumas críticas após ser vice-campeão da Champions League no último domingo (23), mas os elogios foram maiores. E é isso que eu exalto hoje, nesta carta aberta

Digamos que tenho certa propriedade em falar sobre Neymar Júnior, o craque da Seleção Brasileira e do Paris Saint-Germain. E talvez sobre Neymar da Silva Santos Júnior também, o ser humano que muitas pessoas esquecem que existe. Isso porque acompanho a carreira dele desde 2010, quando ainda estava construindo sua história no Santos Futebol Clube, do litoral paulista. Apesar de ser torcedora de um time rival, não perdia nem um jogo do Peixe. Aos 11 anos, me encantava ver o Menino da Vila brilhando em campo.

Os anos passaram e nada mudou. Quer dizer, algumas coisas mudaram sim. Eu cresci, amadureci, não coleciono mais tantas revistas, pôsteres, adesivos e fotos recortadas do jornal com o Neymar estampado. Ele também cresceu, amadureceu, conquistou o mundo e deixou aquele menino marrento para trás. Mas nada mudou em relação ao desempenho dele em campo e a minha admiração por isso.

Neymar foi um dos principais destaques na conquista do tri da Libertadores, em 2011 (Foto: Ricardo Saibun/Santos FC)

Foi dolorido vê-lo deixar o país em 2013, viu? Lembro que eu, com os meus 14 anos, fui encontrar um grupo de meninas no aeroporto pra essa despedida. Eu nem conhecia todas elas. Pessoalmente, nenhuma. Éramos amigas virtuais, por fã clubes no Twitter. Mesmo não sendo uma perda enorme para o meu time, senti que seria uma das maiores faltas para o futebol brasileiro na época. Era lindo ver Neymar no Campeonato Paulista, no Campeonato Brasileiro, na Libertadores… Quanta história ele fez por aqui!

Porém, eu nem imaginava que seria só o pontapé para a trajetória dele mundialmente. Ele virou ídolo absoluto. As camisas das crianças torcedoras do Barcelona eram divididas em Messi e Neymar. E quando se entrosou com o também craque argentino, não teve pra ninguém. Mais uma vez ele fazendo história. Enquanto a desconfiança por parte dos brasileiros era enorme, com questionamentos sobre o desempenho de Neymar no futebol europeu, pela grande diferença em relação ao que estamos acostumados a ver no Brasil, ele simplesmente trabalhou e deu o nome.

Foto: Getty Images

Quem não sente falta do famoso ‘trio MSN’, formado por Messi, Neymar e Suárez? Inclusive, esse trio foi um dos principais assuntos quando a saída do brasileiro do Barça ao PSG foi concretizada. Os três jogadores formavam um ataque imbatível. Juntos, conquistaram muitos títulos, tendo a Champions League e o Mundial de Clubes como os de maiores expressões.

Essa junção entre o argentino, o brasileiro e o uruguaio deu tão certo dentro de campo que foi levada para fora dele também. Junto com muitos outros jogadores do clube catalão, como o zagueiro Pique, Messi e Suárez demonstraram, por diversas vezes, a vontade em ver Neymar ainda vestindo a camisa do Barça, se opondo à ida dele à França. Mas não adiantou e o craque foi. De novo com muitas desconfianças ou opiniões de que seria a escolha errada, já que ele estava indo tão bem e brilhando cada vez mais a cada jogo na Espanha. E eu confesso que também pensei isso. Compartilhei dessa opinião. Para mim, se ele queria ser dono de uma Bola de Ouro, ele precisava estar no Barcelona.

Demorei para mudar de ideia. Em agosto de 2017, a saída dele foi oficialmente concretizada, ele realmente seria o novo camisa 10 do PSG. Eu custei muito a entender o motivo dessa transferência. Muito mesmo. Até o ano passado, com a polêmica de ficar ou não ficar na França, eu batia na tecla de que ele precisava sair. O Barcelona precisava tentar o retorno, mesmo tendo uma saída da Catalunha um pouco conturbada. Para mim, o Paris não era o lugar dele. Muitos problemas internos podiam prejudicar demais a carreira dele. Desentendimentos, relações abaladas.

Ele decidiu ficar. O PSG também decidiu não abrir mão dele. E eu fiz como tantos brasileiros em todos esses anos e paguei minha língua. Graças a Deus. A temporada virou e o Neymar também. As lesões, que eram recorrentes, foram embora. O extracampo ficou para trás. Os famosos carnavais no Brasil, em que todos diziam que ele se machucava sempre nesta época para poder vir curtir, foram respondidos com treino e muito trabalho.

É com uma imensa felicidade que estarei desfalcando o carnaval de 2020. É isso mesmo. Dessa vez, não terá polêmica. Valeu, bom carnaval!”, disse Neymar em um vídeo, enquanto treinava na academia do PSG, em meio a risadas.

A nova dupla com Mbappé (ou trio com Di María?) vingou mais ainda. Os dois, que também viraram parceiros fora de campo, se tornaram as peças essenciais para o PSG funcionar. Sem um completando o outro, as coisas dificilmente davam certo. E foram eles que levaram o time à glória. É claro que também preciso destacar Navas, Marquinhos, Thiago Silva, Di María… Mas vocês entendem quando eu destaco tanto Neymar e Mbappé. Sabem da importância que eles têm em motivar todo o grupo.

A pandemia do novo coronavírus chegou e preocupou o mundo inteiro. Tudo foi fechado, não podia mais ter aglomeração. Por isso, o futebol chegou a ver seus estádios vazios antes de ser paralisado. E um dos melhores jogos da Champions League 2019/20 foi assim, sem torcida.

Em fevereiro deste ano, o Borussia Dortmund derrotou o PSG por 2 a 1, pelas oitavas de final da Champions. O Borussia de Haaland era praticamente invencível, ainda mais quando já está em desvantagem no placar. Em março foi a vez da volta. Era a hora de conhecer quem avançaria. PSG estava em muita desvantagem, já que além do placar, não poderia contar com o apoio do seu torcedor. Ainda assim, Neymar brilhou na vitória por 2 a 0 e a classificação.

Foto: Getty Images

Ainda aos 28 minutos do primeiro tempo, ele abriu o placar e comemorou ‘à la Haaland’, em tom de provocação. Eu só conseguia pensar “meu Deus do céu, que menino louco! Para perder esse jogo é um segundo”. Mas o PSG dominou, Neymar de novo se destacando. Após essa partida, a paralisação do campeonato aconteceu. Não podia mais continuar por conta do vírus.

Foram cinco meses assim, sem Champions League. E ela voltaria em formato de mata-mata. Perdeu, está fora. A expectativa era enorme, principalmente pelo confronto das quartas de final ser diante da Atalanta, que vinha forte, embalada, muito bem preparada. Foi aí que eu vi a maior mobilização das redes sociais, que eu nunca tinha visto antes. Os fãs invadiram o Twitter com a campanha #NeyDeMoicanoNaChampions, penteado tão marcado na carreira dele.

Os perfis foram tomados por fotos iguais do Neymar de moicano, o assunto era somente esse. O óculos Juliet, a caixinha de som JBL. Qual a música que Neymar chegará ao estádio. Não se falava em nenhuma outra pauta. A rede social era do Neymar. Eu realmente nunca tinha visto isso antes, nem na Copa do Mundo. Muito pelo contrário. As pessoas só apareciam para xingá-lo. Mas claro, exaltando o craque gringo.

Chegou a Atalanta. E foi sufocante. 1 a 0 para eles até praticamente os acréscimos. Neymar, Mbappé, Marquinhos e Choupo-Moting declararam os 2 a 1. PSG na semifinal. Ainda que sem marcar gols desde o retorno do campeonato, Neymar foi essencial em todas as partidas até a grande final, inédita na história do clube. O Paris Saint-Germain nunca antes chegou à final da Champions. A sede de levantar o troféu era muita.

Porém, o Bayern de Munique era o time a ser batido desde o início. Craques e mais craques. Um conjunto perfeito, um individual ainda mais. Eles marcaram a maior derrota do Barcelona, um chocolate por 8 a 2. Um verdadeiro vexame. E o PSG segurou a barra. O primeiro tempo disputadíssimo, gols perdidos para os dois lados. Um jogão, com cara de final de Champions. Já na segunda etapa… Não aconteceu o esperado. A temperatura caiu, o jogo esfriou, os alemães dominaram e levaram o triunfo em um placar curto de 1 a 0.

E o Neymar? Chorou. Chorou muito. E eu chorei com ele, com a certeza de que tinha muita gente do mesmo jeito. É aquela sensação de nadar, nadar, nadar e acabar morrendo na praia. O coração partiu ao ver aquela cena. Eu não torço para nenhum time europeu. Digo que simpatizo com o Barcelona, mas o meu time mesmo está aqui no Brasil. Porém, nesta Champions, eu era muito PSG. Muito! Era o ano de Neymar na França, era o ano de Neymar no mundo. A disputa pelo ‘The Best’, da Fifa, entre ele e Lewandowski, estava pela Orelhuda.

Foto: Getty Images

Eu não acreditei. Ou melhor, não queria acreditar. Porque se a gente deixa o emocional de lado e foca no racional, era o Bayern. Como eu disse, o time a ser batido. Mas o meu recado com tudo isso, muito além da grande superação do PSG nessa trajetória linda, é ao Neymar.

A sua superação individual, Neymar, é incrível. Estou há 10 anos nessa caminhada de te acompanhar, de ver sua mudança, seu crescimento, suas conquistas. E eu garanto, em nome de tantos fãs, que o sentimento é de orgulho. Orgulho em te ter como ídolo nacional e pessoal. E vai muito além de qualquer crítica gratuita de torcedores que envolvem achismos ou polêmicas para misturar com o seu brilhante futebol, e que eu, particularmente, não entendo o motivo, já que, para mim, quem não consegue elogiar o profissional que você se tornou não entende nada do esporte.

Aqui, eu preciso deixar o meu muito obrigada. Obrigada por dar seu nome ao futebol brasileiro e por fazer história. Obrigada por se superar e inspirar tanta gente. Obrigada por, além do campo, influenciar a vida de muitas pessoas e ajudar com o que você é capaz de fazer, principalmente no seu Instituto. Obrigada, Neymar. E levante a cabeça. Nada acabou, é só mais um ciclo que está batendo na porta, prestes a começar. Se alguém um dia ousou dizer que “o pai está ‘off'”, eu preciso destacar que o pai está mais ‘on’ do que nunca.

Foto de destaque: Getty Images

Um comentário sobre “Carta aberta a um ídolo: Neymar está mais ‘on’ do que nunca

  1. Quando falamos de alguém é por lógica necessário que conheçamos tal, que o seu mundo nos é exposto aos olhos e em se tratando do que faz Tal pessoa temos que exigir dele o Melhor pois Ele tem outros olhos além dos meus seguindo-o em vezes até esquecendo do Que Pode Alguém Fazer pois o Humano tem sentimentos.Assim vejo nestas linhas a Amplitude de uma Geografia de sentimentos ao tempo de saber que estamos em Uma Arena para lutar e pode ser que neste dia teu opositor conseguiu ser melhor que você. Mas tudo tem seu tempo, as folhas do nosso livro não se apagam com vontades pois já se foram , mas a História Ela sim reserva Legados de sentimentos pelas verdades das expressões de nossos íntimos sentimentos..Sou também alguém que sabe quem Foi, É , e só depende Dele dizer o Eu Fiz o Melhor,,,meu time é a Casa que Ele começou a escrever sua história, quem sabe um dia Ele faça seu The End na Galeria das Lembranças dos Amantes do Futebol,,,,Avante, olhar para o Céu sempre e saber que o Universo é uma Imensurável Bola Azul,,, prove o contrario quem for competente Além do Pai,,,

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