De antemão, desejo pontuar que neste texto há os dois lados da história: de quem é a favor do retorno do futebol e de quem é contra

No último domingo (05), Rogério Caboclo, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), divulgou o retorno do Campeonato Brasileiro masculino e feminino e da Copa do Brasil. O início da Série A do Brasileirão masculino ficou marcado para o dia 09 de agosto. Já as Séries B e C começarão no dia 08 de agosto.

O Campeonato Brasileiro feminino A1 e a Copa do Brasil terão início no dia 26 do mesmo mês. A base e o Brasileirão feminino A2 ainda não têm uma data de retorno, mas estima-se que será no final de setembro, caso tudo ocorra da melhor maneira.

Enfim, o tão esperado retorno do futebol brasileiro já tem data definida e, até antes desses campeonatos, os estaduais já retornaram ou possuem uma data anterior. Vamos começar pelo lado dos prós.

Os clubes ‘pequenos’ estão ficando sem maneiras de manter seus elencos, tanto femininos como masculinos. Essa questão acaba favorecendo o retorno, porque com as transmissões, há um possível aumento no número de sócio-torcedor, na venda de camisas, além de outras coisas que fazem com que o time reúna dinheiro e se reerga.

Até porque, com o término dos estaduais, os clubes recebem a premiação e isso ajudaria até os times de camisa, porque são todos que estão precisando de um retorno financeiro. Os clubes estão precisando de dinheiro. O auxílio da CBF (para aqueles que utilizaram da maneira correta) já está acabando, possivelmente outro não virá.

Um ponto que também favorece a retomada do futebol é pensar no tempo de contrato de alguns jogadores. Podemos colocar como exemplo o futebol feminino em um geral. A grande maioria dos contratos têm seu fim já no final do ano, fazendo com que o clube precise criar novas estratégias. O mais rápido que voltar, menor será o impacto sobre os times femininos e clubes menores.

Porém, precisamos pensar um pouco no outro lado da moeda. Para começar, nem todo time tem uma estrutura para receber novamente o seu jogador. Ainda mais no futebol feminino, que já existem problemas em relação à salário e estrutura normalmente. Imagina para retornar no meio de uma pandemia?

Pensando no futebol europeu e nos outros continentes que já tiveram o retorno, isso somente aconteceu quando o número de casos chegou a ser quase nulo. Voltando o futebol, você retoma um perigo imenso de contaminação, nem todos os clubes irão conseguir fazer os testes regularmente.

Quantos profissionais já não testaram positivo mesmo estando de quarentena até agora? Para que ter esse risco? É um tiro no pé o retorno do futebol. Além de prejudicar a saúde da torcida, prejudica quem trabalha no meio.

É necessário pensar no extracampo também! Quem acha mesmo que não haverá aglomeração e festas para assistir aos jogos está muito enganado. Pode ser que você não vai fazer, mas nunca sabemos o que acontece no nosso vizinho. O futebol é sinônimo de amor para grande parte da população brasileira e, junto com isso, vem as festas. O “bum” que tudo isso geraria seria imenso.

Se quer voltar, precisa ser com a maior segurança possível. Os clubes precisariam receber, no mínimo, um novo auxílio da CBF. Porque, sem torcida, o retorno financeiro do clube é quase nulo, é complicado manter um time assim. Atualmente, o Brasil não tem condições de criar essa segurança necessária para o retorno.

Mas, mesmo assim, o primeiro pensamento que está na cabeça é o retorno do futebol brasileiro. Sou contra a volta nesse momento, acho que é precipitada mesmo entendendo que os clubes precisam se reerguer financeiramente. O quanto esse esporte impacta na sociedade brasileira chega a ser inexplicável.

Como eu digo sempre, a bola pode esperar para rolar! Campeonatos podem ser reorganizados e cancelados, agora as vidas que se foram… Essas nunca voltam.