Uma resistência negra: a história do drible no Brasil

O país do futebol foi o cunhador do “drible” e tudo isso fruto da resposta de jogadores negros

O futebol brasileiro tem uma essência única. Um jeito de jogar que só quem é daqui conhece e faz. Diferente dos outros países, tem uma magia própria. E é isso que torna o país tão característico ao se tratar do esporte.

O drible é um dos movimentos mais marcantes. Grandes jogadores são reconhecidos internacionalmente pelo movimento, como Ronaldinho Gaúcho e Neymar. É praticamente um passo de dança dentro de campo. Trata-se de livrar do adversário conduzindo a bola e o corpo junto. Grandes jogadores realizaram esses movimentos de forma combinada em diversas Copas do Mundo.

Mas a história por trás é mais profunda do que o imaginado. Criado em 1930, foi resultado de um esporte majoritariamente branco, contexto do qual nenhum jogador negro era respeitado. Muitos sofriam ameaças e ofensas derivadas muitas vezes de colegas do próprio clube ou da própria torcida. Os juízes, então? Sempre iam na defesa dos jogadores brancos, ignorando faltas ou ocorrências que iam contra os negros.

Os jogadores, vendo que nada estava a seu favor e que o fantasma do racismo estrutural sempre transitaria ao seu lado, adaptaram-se ao meio. Com um reflexo dos movimentos rápidos e no balanço do corpo oriundos das rodas de samba, eis que o drible surge.

Surge como uma forma de defesa dos passes agressivos e toda a injustiça que os circundava. O drible foi um ato de resistência negra. Algo para salvar a pele dentro do campo e se destacar diante daqueles que sempre os rebaixavam.

Garrincha foi um exemplo de representante dos famosos, fazendo festa enquanto jogava na Copa de 1962, ao lado de craques, mostrando toda a mensagem de seus antepassados. E claro, também ao lado do craque Pelé. O futebol brasileiro é história. É mensagem de resistência que acompanha até hoje, com um passe eternizado no mundo todo.

Foto de destaque: Acervo/O Globo

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