Para nós mulheres, o futebol pode ser uma guerra travada diariamente 

Brasil, país que se declara nação do futebol, local onde o futebol deveria ser democrático e que o gênero ou qualquer outra causa não deveria ser um problema dentro daquela que é para muitos a maior paixão do povo, mas não funciona assim. Infelizmente, para uma mulher viver com e de futebol ainda é complicado, a luta pelo espaço desde os gramados até o jornalismo ainda é uma guerra travada diariamente.

Nossas jogadoras têm salários que não chegam nem perto do que um jogador recebe, isso quando elas recebem. Falta de apoio dos clubes. Ausência do público nos estádios. Nossas meninas que sonham em viver da bola passam por situações, que não as permitem mostrar toda sua habilidade e quando conseguem chegar um pouco mais longe precisam ir embora do Brasil para poder jogar em grandes ligas, por falta de investimento.

As jornalistas, comentaristas, colunistas, enfim, todas as mulheres que se lançam em trabalhar nesse meio sabem o que sofrem. São comentários machistas, questionamentos sobre sua capacidade de entendimento desse esporte, acusação de não compreender a essência do futebol, julgamento da sociedade que não enxerga com bons olhos, resumindo, são coisas que acabam virando “comuns” na vida de quem escolhe viver disso, coisas que nos revela o lado sombrio do futebol.

A luta pela igualdade dentro do futebol é diária, é uma guerra de tamanho imensurável e que não cansa, ainda há muito que percorrer. Muitas mentes para mudar, muito espaço a ser conquistado, muito direito a ser conseguido.

Enfim, mesmo com todos esses problemas, eu quero deixar um recado para todas as meninas que assim como eu amam esse esporte: não deixem de sonhar, não deixem de jogar bola, não deixem de buscar se formar para trabalhar nesse meio, não abandonem os estádios, seremos nós por nós e um dia a real democracia de gênero vai alcançar nosso amado futebol.

Foto de destaque: Graziele Albuquerque