Uma regra esquecida no futebol

Considerado hoje em dia um dos esportes mais democráticos, o futebol é ainda manchado pelo preconceito racial, com isso não tem como não lembrar da sua principal regra: a do respeito acima de tudo

Com a proposta de unir culturas e povos, sem distinção de credo, raça ou origem, a bola tem uma linguagem universal que pode ser vista em qualquer canto do mundo. Contudo, é absolutamente incompreensível que em pleno século XXI, atitudes racistas sejam ainda manifestadas por certos torcedores. 

Os diversos episódios de discriminação racial tem ocorrido em diversos estádios, e para quem desconhece, a modalidade mais praticada no mundo já teve em sua raiz um dos preconceitos mais profundos que ainda marcam o acesso às quatro linhas do gramado, onde era vetado a entrada de negros e mestiços.

Em 1894, após a chegada da primeira bola de futebol no Brasil por Charles Miller, as contradições começaram a surgir. Enquanto brancos construíram estádios, negros improvisaram campos de várzea.

Mais tarde mesmo com o início de alguns torneios regionais, não era possível ver negros dentro de campo devido a uma proibição imposta por algumas cidades locais. Mesmo diante desta situação, os negros acabaram se apropriando de uma cultura esportiva considerada elitista, trazendo o futebol para as ruas e transformando em um dos grandes elementos da identidade nacional em que até hoje é vista.

A partir dos anos de 1930, o futebol foi ganhando força chegando a profissionalização, diante deste cenário foi possível perceber o talento dos negros, que aos poucos, conquistaram seu espaço dentro dos clubes. É interessante citar que entre 1927 e 1939, ocorreu o chamado clássico “preto x branco” que sempre acontecia no dia da abolição da escravatura. O melhor jogador brasileiro antes de Pelé,  Arthur Friedenreich, foi um dos grandes nomes do evento, e é curioso o fato de que ele mesmo sendo negro utilizou a camisa do time dos “brancos”.

Mas o preconceito não acaba por aí, mesmo com os avanços dentro de campo, nas arquibancadas se observava um aumento significativo. Com os estádios já prontos, o objetivo era confortar o maior número de pessoas, e para isso precisava de serviços complementares como lanchonete, banheiro e demais acessos. Neste episódio, ocorreu a divisão das torcidas entre a nobreza x povão, e é neste momento em que surgem as torcidas organizadas, que em sua maioria é composta por pobres e negros ao contrário da elite.

O futebol teve por sua vez diversos avanços ao longo de sua história, passando por diversas atitudes irracionais que eram manifestadas em grande maioria pela elite. Hoje, mesmo com um volume menor do que no século XX, é possível ver ainda alguns casos que podem e devem ser punidos da forma mais severa. Infelizmente não temos o que comemorar pelo avanço, mas sim temos que conscientizar cada vez mais pelo respeito de todos independente de credo, raça ou origem. O futebol é para todos!

Foto: Paulo César de Oliveira / reprodução

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