Clube paulista publicou um manifesto se orgulhando de ser a primeira democracia racial do futebol brasileiro
Na última terça-feira (02), a Ponte Preta publicou um manifesto contra a discriminação racial. Com uma história centenária, o clube se orgulha por ter tido negros em sua fundação no ano de 1900. Além disso, também possuiu um jogador titular negro no primeiro time formado: Miguel do Carmo.
No texto publicado, a Ponte Preta declara que “não podemos permanecer em silêncio”, pois o racismo é “um mal que precisa ser extirpado pela raiz”. A publicação ainda repudia outros diversos tipos de preconceito.
Vale ressaltar que a Ponte Preta é o único clube da série A e B do Campeonato Brasileiro a possuir um presidente negro. Sebastião Arcanjo assumiu o comando do clube em novembro de 2019 após renúncia de José Armando Abdalla. Outro fato curioso sobre o clube é ser carinhosamente apelidado de “Macaca”, uma apropriação de um termo usado para ataques preconceituosos, que acabou se transformado em motivo de orgulho entre os seus torcedores.
Não é de agora que as campanhas anti-racistas estão ganhando forças. Na última segunda, os demais clubes brasileiros fizeram uma corrente nas redes sociais homenageando os ídolos negros, isso porque a morte do americano George Floyd gerou revolta no mundo inteiro e intensificou esses momentos de reflexão em combate às diferenças raciais.
Confira o manifesto completo da Ponte Preta:
“A Ponte Preta sempre se orgulhou em ser a primeira democracia racial no futebol brasileiro, em dizer que nas dependências da Macaca não há discriminação por etnia, religião, orientação sexual ou qualquer outra, em acreditar que “raça” é a humana, e é também a palavra usada como sinônimo de gana, aquela que os jogadores têm de mostrar em campo. Mas isso não é suficiente. O mundo não está dentro do Majestoso, e não podemos fechar os olhos ao que está acontecendo nele.
Os assassinatos trágicos do menino João Pedro no Rio de Janeiro e do segurança George Floyd nos Estados Unidos chocaram o planeta e as manifestações contra o racismo estão brotando intensamente em todo lugar. Mas quantos Joãos e Georges já morreram no mundo por causa da cor de suas peles antes da justa comoção que agora toma conta das redes sociais e das ruas? Quantos mais precisarão morrer antes que as pessoas enfrentem de frente o fato de que, mais do que uma imbecilidade e um crime, o racismo e o preconceito são um mal que precisa ser extirpado pela raiz?
Uma das frases mais versionadas e traduzidas do líder Marthin Luther King Jr. – um defensor negro dos direitos civis dos Estados Unidos que morreu assassinado em virtude de sua luta por uma sociedade mais humana, diga-se de passagem – diz que “a tragédia final não é a opressão e a crueldade praticada pelos maus, mas, sim, o silêncio dos bons.”
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