Nem mesmo os Estados Unidos escapou da crise causada pela Covid-19
Em época de pandemia da Covid-19, até uma das potências mundiais está sendo afetada. Nos Estados Unidos já foram registrados mais de um milhão de casos do coronavírus, com 59 mil mortes – grande maioria localizada em Nova Iorque.
Atualmente, o país está no pico da doença, e tenta buscar maneiras de melhorar para sair deste grande problema. Com a pandemia, as ligas norte-americanas foram todas adiadas. A NWSL – principal liga do futebol feminino – estava se preparando para o início da pré-temporada.
Eu tinha até um jogo treino marcado, mas foram todos cancelados. Não chegamos a ter a pré-temporada por conta da Covid-19. O clima está um pouco tenso, sinto o medo nas pessoas”, contou Karen Callado, árbitra da US SOCCER.
A brasileira conversou com o Rainhas do Drible sobre a situação que vem ocorrendo nos Estados Unidos. Karen mencionou na conversa as maneiras que a população tem encontrado para manter-se unidos mesmo longe.
“Minha vizinha deixou um bilhete na porta de casa marcando um horário para sairmos na varanda e bater palma para as pessoas que estão tendo que trabalhar. É um momento de preocupação, mas também de união”.
O governo estadunidense está criando maneiras para ajudar os times e os residentes. Para os moradores, foi criado um auxílio emergencial, em que cada um recebeu US$ 1.200,00. Para os pequenos empreendedores ou desempregados, o governo liberou o seguro desemprego, que precisa ser solicitado. Já dentro dos clubes, o momento é de se estruturar para manter o time e pensar no retorno.
A Federação de Futebol dos EUA solicitou e foi aprovada para um empréstimo financeiro por meio do Payroll Protection Program (Programa de Proteção da Folha de Pagamentos), que faz parte da Covid CARES (Lei de Auxílio e Socorro à pandemia do coronavírus). Muitos clubes estão sendo ajudados por esse suporte financeiro da Covid CARES”, disse Isabella Boccia, jogadora do Mercer County CC, NJCAA.
Mesmo com todo esse respaldo, alguns times da liga universitária estão finalizando o programa esportivo por falta de fundos. Alguns jogos da categoria semi-profissional também foram cancelados e só retornarão em 2021.
O momento é de grandes dificuldades, ainda mais para um país que investe muito no futebol feminino. “As meninas começam desde pequenas no futebol com a intenção de receber uma bolsa universitária. Algumas seguem para o profissional e essa Seleção serve de inspiração”, comentou Callado.
Os Estados Unidos oferecem campos de treinamento, academias e os profissionais necessários para as meninas já jogarem em alto nível na escola. “A estrutura deles para o esporte é semelhante, senão melhor, que a de um clube de base do Brasil”, disse Isabella.
Além disso, no próprio colégio, as meninas possuem um acompanhamento psicológico na intenção de melhorar o rendimento delas dentro e fora de campo. Toda essa preparação faz com que o time entre em campo muito mais seguro de si e bem estruturado.
Dá para manter a preparação?
Algumas medidas foram adotas para manter o treinamento dos profissionais. O comitê de arbitragem está realizando um treinamento diário através de aplicativos. Os árbitros recebem um lance para fazer análise dele e reenviar. Para ajudar nisso, um profissional fica disponível todos os dias da semana, uma hora por dia. Eles também estão fazendo videoconferências para conversar e explicar melhor a situação.
Acho que esse contato até me aproximou mais dos ‘coaches’, ficou uma relação mais próxima. Em relação ao treinamento físico, é bem complicado. Geralmente corremos em pistas de atletismo, mas está tudo fechado. Perdemos um pouco da atmosfera dos jogos”, contou Karen sobre a preparação.
Pela parte das atletas, não muda muita coisa. Os treinos diários são enviados para serem realizados em casa e há uma reunião por aplicativo com o time. “Acredito que seja de extrema importância encontrarmos algo que nos faça sentir bem e mantenha nossa mente ocupada nessa quarentena até que tudo volte ao normal”, disse Isabella.
Ainda não há uma data certa para o retorno dos campeonatos estadunidenses. A intenção é, se tudo caminhar da melhor maneira, até o final de junho iniciar a NWSL (liga principal) e os treinamentos das ligas universitárias, que iniciam a temporada em agosto.
Pode ser que seja necessário jogar com os portões fechados e talvez até mesmo com máscara. No entanto, tudo ainda está muito indefinido e incerto, como essa pandemia.