Se muitos times masculinos estão sofrendo com essa paralisação do futebol, no feminino não é diferente, aliás é muito pior
Sem fiscalização e ausência de uma entidade para cuidar somente do futebol feminino, muitos times estão sofrendo com os poucos patrocínios e menor visibilidade durante este período, e com as incertezas e um orçamento bem reduzido, a prática do futebol feminino chega até a ser comparada a um time de várzea.
Neste período, para não cair de rendimento durante o período de paralisação, muitas atletas estão treinando em casa, com direcionamentos enviados pelos preparadores físicos dos clubes através das redes sociais.
O problema em questão não é nem preparo físico em si, mas o quesito financeiro. No time feminino do Paysandu, por exemplo, a Aline Costa que acumula as funções de técnica e diretora do departamento no clube, tem passado as últimas semanas buscando ajudar as jogadoras de todas as formas.
Com as atividades interrompidas há cerca de mais ou menos um mês, a situação que já não era boa dentro do clube, piorou muito. O clube que tinha a previsão de dois patrocínios bons para ajudar nos custos, acabou se complicando com a paralisação do futebol, e sem o apoio de uma entidade para administrar estes casos na categoria, a diretora do departamento do clube teve que tomar conta da situação.
Com a falta de apoio e suporte, Aline, assim como outros profissionais que atuam com o futebol feminino, tem sentido na pele como esta crise atingiu nos clubes, principalmente nas atletas. Para clubes menores como o Paysandu, a alternativa foi buscar um auxílio financeiro até mesmo do governador.
Em outras regiões do país, clubes que mal pagavam salários estão ainda piores diante desta crise. A ajuda de custo, ainda que simbólica, era algo que de certa forma alegrava as jogadoras que iam atrás dos seus sonhos, talvez quando tudo isso passar, muitas tenham até desistido por não conseguir sobreviver financeiramente assim por muito tempo, o que infelizmente é triste.
Mesmo com o apoio financeiro que a CBF anunciou que faria, esta crise organizacional que existe no futebol feminino não vai acabar tão cedo. Infelizmente vai além de dinheiro em momentos como estes, estamos falando de pessoas e de sonhos que podem acabar por conta de um apoio que nunca existiu na modalidade. Precisamos ser resistentes, precisamos ser observados e observar para assim transformar esta crise que já existe há muito tempo no futebol feminino.
