Miraildes Maciel Mota, a Formiga, nasceu em Salvador, em 3 de março de 1978; Atua como volante, meia e é uma futebolista sinônima de recordes
A descoberta
A menina que arrancava a cabeça das bonecas para fazer dela uma bola improvisada e dar seus primeiros chutes, aos sete anos mostrou suas habilidades nas ruas de terra, em Lobato, na periferia de Salvador, e saía correndo para fugir das chineladas dos irmãos quando iam buscá-la.
Foi em uma dessas peladas em que Formiga foi descoberta por Dilma Mendes, que a viu jogando quando passava de carro e resolveu parar o automóvel para vê-la.
Eu resolvi parar para assistir. Ela descalça jogando no meio dos meninos, chutando a bola sem nenhum medo. O detalhe do chute, da finta… não era nem tanto a técnica, porque precisava aperfeiçoar isso, mas essa essência da coragem, da menina que estava buscando aquele espaço. Aquilo que a Formiga tinha era só dela, talento puro. Só precisava ser lapidada”, contou às Dibradoras.
Dilma estacionou seu carro e foi conversar com a menina que, na época, estava com 11 anos. Investindo em sua carreira de treinadora no futsal feminino na Bahia, ela quis levar Mira, como era conhecida até então, para o Euroexport Bahia.
A ideia de Dilma era levar Formiga para o Sudeste e aperfeiçoar sua técnica, pois, na época, no Nordeste era muito difícil que a atleta conseguisse uma convocação para a Seleção.
No final das contas, todas as atletas do time de Dilma Mendes foram para São Paulo e fizeram história com o Saad nos anos 1990. Formiga foi para a Seleção, jogou no São Paulo, no Palmeiras, no São José e hoje brilha no Paris Saint-Germain.
Seleção Brasileira
Aos 16 anos, fisicamente muito franzina, Formiga começava sua trajetória com a camisa verde e amarela. Em 1995, próximo da segunda edição oficial da Copa do Mundo feminina, seu nome apareceu na lista de convocadas e surpreendeu inclusive os dirigentes da CBF.
Mas a qualidade da jovem foi impressionando a todos e hoje ela soma 25 anos de Seleção, é a recordista – entre homens e mulheres – em números de jogos com a amarelinha, com 160, superando Cafu, com 149.

Recordes
Duas vezes vice-campeã olímpica e uma vez vice-campeã da Copa do Mundo de futebol feminino, de quebra, é a única atleta com maior número de participações em edições de Copas do Mundo, com 7, e Jogos Olímpicos, com 6.
E agora, aos 42 anos, ainda pode quebrar mais um recorde próprio: o número de participações nos Jogos Olímpicos, pois caminha para sua sétima Olimpíada, que será realizada em Tóquio.
O mais engraçado é que o povo me fala essas coisas (recordes) e eu não sei de nada. Eu não me ligo nisso, eu quero é jogar futebol, juro para você, meu negócio é jogar bola”, disse Formiga.
Não é raro ouvir técnicos ou jogadoras que já trabalharam com Formiga dizerem que ela deveria ter sido “a melhor jogadora do mundo” em algum desses seus 25 anos de carreira.
Claro que sua posição de meio-campista/volante não ajuda tanto em premiações assim, mas é impressionante como todos os treinadores que já conviveram com ela não cansam de exaltá-la. O próprio comandante do PSG atualmente, Olivier Echouafni, foi quem a convenceu de ficar por lá mais um ano, porque a enxerga como um dos pilares do time.
