É triste ter que redigir textos como esse, que digam mais uma vez o que já lutamos tanto para tentar conseguir: o futebol não é lugar para preconceitos e discriminações. Entretanto, é necessário que utilizemos dos nossos lugares de fala para seguir alertando e reforçando o quanto práticas como o racismo não são normais e não podem sair impunes.
No domingo passado (16), Moussa Marega, jogador do Porto, foi vítima de mais um ato crucial e infeliz de racismo. Em uma partida contra seu ex-clube, o atacante ouviu e presenciou cenas, que devem doer a alma de qualquer pessoa, toda vez que tocava na bola. Cânticos racistas eram ditos e sons de macacos ovacionados pela torcida do time rival.
Ao fazer o gol que dava o triunfo ao seu time, Marega se dirigiu à torcida e apontou para sua pele como forma de resposta ao que estava sendo obrigado a escutar. Ele tinha a consciência de que ser negro não é motivo de piada, é levar na pele o orgulho de resistir a um povo que sofreu e sofre, historicamente falando.

O atacante não aguentou tudo isso e pediu para ser substituído. A fim de mostrar seu descontentamento com o que estava sofrendo, ele colocou uma cadeira que foi atirada em campo na cabeça e emitiu gestos à torcida, o que fez o juiz tomar uma postura infeliz naquele momento: Marega saiu de campo com um cartão amarelo, porque, simplesmente, ele tinha que engolir os insultos racistas calado e de cabeça baixa.
É assim que a nossa sociedade se comporta, e é triste ver que o futebol segue os passos. A regra é clara, seu juiz, racismo é crime! O senhor deferiu o cartão para a pessoa errada. Todos aqueles “torcedores” que estavam insultando o jogador deveriam, sim, ter tomado essa punição. Às vezes, o justo é o incorreto a se fazer.
Deixo aqui, como torcedora apaixonada pelo futebol e jornalista, meu repúdio a atos como esse, seja no futebol brasileiro, europeu, português ou até naquela pelada na porta de casa. Futebol não combina com desigualdades e opressões. É triste ver a bola rolar dessa forma.
Lamentável!
Um comentário sobre “A regra é clara: racismo é crime! Mais um ato no futebol, desta vez com Moussa Marega”