Pesquisa da Unicamp revela dados a respeito da prática do futebol por lazer e aponta números da participação das mulheres
Que 2019 foi um ano muito importante para o futebol feminino, isso todos já sabemos. Afinal, a última Copa do Mundo, realizada na França ano passado, teve uma grande cobertura da mídia, o que gerou mais discussões a respeito da desigualdade e aumentou o engajamento na luta por maior visibilidade e equidade para as equipes femininas.
Mas apenas falar e discursar não adianta quando o real problema é a cultura preconceituosa que está enraizada na nossa sociedade. E não falamos somente do preconceito na prática profissional do esporte, incluímos também a atividade praticada por lazer e diversão.
A Universidade de Campinas (Unicamp), divulgou dados de uma pesquisa que investiga a respeito da prática de esportes dos brasileiros. Realizado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM), da Unicamp, o estudo foi produzido e publicado em dezembro do ano passado pelo Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp, mas foi divulgado somente na última terça-feira (11).
Os entrevistados tinham de apontar a atividade física que praticavam nas horas de lazer. Como apurado, ficou que a caminhada vem em primeiro lugar, o futebol aparece em segundo e a musculação, em terceiro. A respeito do futebol, ainda fica claro que este é praticado em maior frequência pela população com menor renda e poder aquisitivo.
Apesar do estudo ter mais foco nos dados socioeconômicos, o que chama atenção é no que diz respeito ao número de mulheres adeptas desse esporte. Segundo a pesquisa, cerca de 68 mil pessoas afirmaram tê-lo como principal prática esportiva na hora do lazer. E, de acordo com isso, a cada mil mulheres, apenas quatro o pratica.

Em entrevista para o G1, Margareth Lima, uma das pesquisadoras que participou desse estudo, diz que preconceito e discriminação são as principais causas de tamanha diferença nos números.
A gente tem lido que a questão do preconceito no futebol é muito grande. Isso é cultural, embora esteja sendo muito discutida, mas ainda é muito forte”, disse Lima.
E ela está completamente certa! Mulheres jogando futebol ainda é algo visto com maus olhos, mesmo que estejamos em um século futurista. A pesquisadora ainda completa com uma fala que nos remete ao incentivo, ou melhor, à falta dele, que é tanto financeiro como motivacional.
Então nós pensamos que é o preconceito que leva à falta de incentivo nesse esporte para as meninas. É o que vai privar as mulheres de uma prática esportiva tão popular e não tão difícil de ser exercida por conta do acesso”.