Em um jogo quase perfeito, o Corinthians teve entrega dentro e fora de campo.
No futebol, ainda mais em um jogo eliminatório, você não pode ser quase perfeito. O jogo pede atenção a todo momento, e uma decisão, certa ou errada, pode decidir quem sairá de campo com a vitória, e isso quase sempre acontece depois de uma jogada em que alguém falhou, seja ele o rival ou até mesmo o árbitro.
Em minha opinião, não há no Brasil um clube que seja totalmente capaz de transformar a obrigação em superação, de preferir tanto um jogo sofrido e tornar aquilo cada dia mais a cara dele como o Corinthians. Talvez por isso seja um dos clubes com torcedores mais apaixonados, que até em momentos difíceis lota o estádio e vibra junto a cada gol, a cada defesa e a cada drible no adversário.
Na última quarta (12), o Corinthians foi mais Corinthians do que sempre. O jogo pedia isso. Com o placar de 1 a 0 para o adversário fora de casa, o time alvinegro precisava da vitória para se classificar, e logo no começo do jogo partiu para o ataque. Uma das grandes contratações da temporada, Luan, abriu o placar para o Timão. O time paraguaio parecia não temer ao sofrido e arriscou algumas chances, mas sem sucesso.

A partir daí só deu Corinthians, e mesmo com a expulsão do Pedrinho, aos 28 minutos do primeiro tempo, o time da casa jogava de igual para igual, aliás muita vezes foi superior dentro de campo. O Guarani foi ganhando espaço com um jogador a mais e quase marcou, mas o torcedor corintiano tem fé, e o Timão sempre cresce em jogo decisivo, e com o lançamento do Luan e a categoria do Vagner Love, o Corinthians marcou mais um com Boselli que se antecipou diante do García.
Era noite de Corinthians. O jogo foi para o intervalo e pelo futebol apresentado até ali, a esperança da classificação tomava conta da Arena, mas como dito no começo, em jogo eliminatório não se pode ser quase perfeito.
Com um auxílio do árbitro, digamos assim, o time da casa fez uma falta próximo da área que resultou em um gol de falta de Fernando Fernández. A cobrança forte no canto de Cássio tinha destino certo, e parecia ser a classificação.
O clima de tensão voltou a tomar conta do estádio, mas o Corinthians não desanimou, com toques de bola e jogadas que davam susto no adversário, o jogo começou a ser controlado. Até mesmo em uma cobrança de falta do Luan, pode-se ouvir gritos de gol, mas não, a bola parecia ter outro destino e o jogo ficava cada vez mais angustiante.
No final do jogo, com expulsão do jogador adversário, tinham-se 10 contra 10, e pode-se até mesmo notar zagueiro como centro-avante, afinal, todo esforço era necessário naquele momento. O décimo primeiro jogador do Timão, o torcedor, cantava e empurrava o time. O adversário na malandragem segurava o jogo e o final vocês já sabem.
A noite com cara de Corinthians tinha tudo para ser perfeita. Um jogo disputado, com chances para os dois lados, e um placar que até então era favorável, foi alterado logo no início do segundo tempo. Jogando a maior parte do tempo com 10 jogadores, o Timão cresceu em campo, mas infelizmente o futebol costuma pregar peças, e talvez por isso, aquela noite não era noite de Corinthians.
A eliminação não apaga a entrega dos jogadores em campo. A noite só não foi de Corinthians no resultado, mas foi, além disso, na vibração, no apoio e no sofrimento. Que seja sempre assim, que seja Corinthians.
