Imagina acordar no meio da noite, sofrer um apagão, as mãos ficarem trêmulas e não dizer coisa com coisa?
Esse foi o relato em 2014 do representante comercial Luis Gonzaga que, após os sintomas, passou por exames e internação para ser diagnosticado com Alzheimer.
A doença neurodegenerativa crônica tem como sintoma mais frequente a perda de memória de curto prazo. Além disso, o paciente pode ter dificuldade em executar tarefas familiares a ele ou ter dificuldades em perceber imagens visuais e relações espaciais.
Para Luis Gonzaga, com medicação e a ajuda da família, em alguns meses ele já havia reaprendido a escrever e ler. O tratamento fisioterapêutico auxiliou na recuperação dos movimentos mesmo que ele utilize a cadeira de rodas em alguns casos.
Seis anos depois, o tricolor paulista enxergou no futebol uma maneira de resgatar suas memórias. Por meio do grupo de pesquisas “Revivendo Memórias”, uma parceria entre o Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e o Museu do Futebol e, com ajuda dos médicos, Luis e diferentes pacientes portadores de Alzheimer e outros problemas cognitivos e de memória visitaram o museu.
O trabalho é feito através de estímulos por fotografias, áudios, imagens, réplicas de troféus e vídeos que retratam o mundo do futebol, das artes e do entretenimento. Todo o processo tem o acompanhamento dos familiares e cuidadores.
Para o pesquisador Carlos Chechetti, idealizador e responsável pelo projeito, a ideia de usar a paixão pelo futebol, música e cinema é uma maneira de ajudar os pacientes a se reconectarem com o passado e fazê-los reviver memórias especiais. Além disso, a pesquisa também tem a intenção de estimular a memória afetiva, como explicou o neurologia Leonel Tanaka.
No ano passado, foram realizados três sessões experimentais do projeto com finalidade de definir o tamanho dos grupos. O projeto busca parceria, da iniciativa privada ou pública, para que possa atender mais pacientes e oferecer maior número de sessões. A intenção é beneficiar pacientes de baixa renda, que tem pouco acesso a atividades complementares ao tratamento e alcançar outros pontos do país.
