A Premier League é considerada, atualmente, um dos principais campeonatos nacionais de futebol por ser bem disputada, tanto por times do grande escalão quanto por clubes com receita menor. Além disso, é o único campeonato europeu que não para durante as festas de final de ano, com as famosas rodadas de Boxing Day, no dia após o Natal, e a rodada de Ano Novo.
Porém, o que chamou mais a atenção nesta temporada não foram os jogos em si, mas a quantidade de jogadores que saíram lesionados destes jogos. A Fifpro, Federação Internacional de Jogadores Profissionais, cobraram explicações de autoridades sobre a quantidade imensa de jogos que resultaram em 53 contusões diferentes.
Muitos jogos, pouco tempo
Só na Premier League, foram quatro rodadas em 12 dias. Além do campeonato nacional, aconteceram também as quartas de final da Copa da Liga Inglesa e da Copa da Inglaterra, onde os times da Premier League começaram suas campanhas. No caso do Liverpool, pode-se acrescentar a disputa do Mundial de Clubes da FIFA na lista.
Em alguns casos, os times não tinham nem 48 horas para descansar e já precisavam entrar em campo novamente, como aconteceu com Manchester City e Wolverhampton. O Liverpool, por exemplo, teve que deixar parte de sua comissão técnica na Inglaterra para o jogo das quartas de final da Copa da Liga Inglesa e colocar o terceiro time em campo, pois menos de 24 horas depois o time profissional disputava a semifinal do Mundial de Clubes no Catar.
Os dados não falham
A quantidade de jogos teve seus pontos bons, como audiência por exemplo, mas teve seus pontos ruins também. Segundo o banco de dados específico para lesões Premier Injuries Limited, foram 96 lesões de variadas gravidades durante o mês de dezembro e os dois primeiros dias do ano.
Alguns jogos foram símbolo deste dado. Em Newcastle X Leicester, durante a rodada de Ano Novo, os donos da casa tiveram quatro lesões em um espaço de 20 minutos. No mesmo dia, o técnico do Bournemouth, Eddie Howe, teve que jogar com jogadores machucados contra o West Ham. O capitão do Tottenham e estrela da seleção inglesa, Harry Kane, também se machucou no jogo contra o Southampton após ter jogado todas as partidas de dezembro.
No caso da estrela dos Spurs, o buraco é mais embaixo. Depois de avaliações por médicos do clube, Kane terá que fazer uma cirurgia na coxa e poderá voltar a treinar somente em abril. Com isso, os ingleses perdem sua principal peça do ataque para as oitavas de final da UEFA Champions League, onde enfrentam o RB Leipzig em fevereiro e março.
Preocupações rondam a Terra da Rainha
A maior preocupação das autoridades europeias é com a influência que as lesões e o calendário de jogos podem ter, não só para os clubes ingleses, mas para o futebol nacional. Ao final da atual temporada, por exemplo, os jogadores não devem ter descanso por conta da Eurocopa e, em alguns casos, Olimpíadas de Tóquio.
As coisas ainda pioram se fomos ver mais pra frente. A Copa do Mundo de 2022 vai ser disputada no Catar e, pela primeira vez em sua história, vai ser disputada ao final do ano, junto com Copa Africana de Nações e a Copa de Ouro da CONCACAF.
Por isso, a Fifpro lançou o relatório At the Limit em agosto, que prevê:
1- Pausas obrigatórias de quatro semanas fora da temporada e de duas semanas durante a temporada
2- Limite para jogos competitivos com menos de cinco dias para recuperação
3- Considerar o número de jogos anuais
4- Um sistema que monitore o calendário europeu e alarme quando ele for prejudicial
Com as medidas tomadas, se espera um melhor aproveitamento do calendário europeu, não só para os espectadores, mas para clubes e jogadores.