Está se tornando cada vez mais comum a presença de mulheres no Jornalismo Esportivo. Por diversas vezes fomos apenas o rostinho bonito em programas que hoje vêm sendo dominados pela participação feminina.

Durante uma coletiva no último domingo (28), o técnico do Flamengo, Jorge Jesus, após ser questionado por quatro mulheres, destacou de forma surpresa a presença das jornalistas durante a atividade. “Fico muito satisfeito por vocês terem uma paixão muito grande pelo futebol e por saberem colocar essas questões”, afirmou Jorge.
Segundo ele, a presença feminina não é comum na Europa. “Eu estou habituado, na minha carreira de treinador, a muitas conferências de imprensa. Aqui, fico satisfeito. Na Europa, não se vê tantas jornalistas”, destacou.
A luta pela igualdade de gênero e a denúncia de assédios têm ganhado cada vez mais força no cenário nacional e internacional, e talvez isso seja o maior responsável pelo aumento de tantas delas trabalhando nesse meio.
Além dessas dificuldades, nós jornalistas, por sermos mulheres, somos pressionadas a provar nossos conhecimentos sobre esporte o tempo todo, e qualquer deslize é muito mais criticado do que uma falha cometida por um homem.
Uma pesquisa do Monitoramento Global de Mídia, que avaliou 18 mil notícias esportivas publicadas em 23 países em 2011, mostra que apenas 11% desse conteúdo foi escrito por mulheres. Em 2016, a Gênero e Número avaliou colunas esportivas dos dez jornais de maior circulação dos estados brasileiros e dos líderes de audiência, e mostrou que menos de 10% dessas colunas são assinadas por elas.
Após tanta discriminação, o setor, antes apenas masculino, ganhou um ar mais delicado. A Copa do Mundo masculina e feminina teve cobertura de mulheres em quase todos os canais de TV fechada, como narradora, repórter e nas bancadas, com um número gigantesco.
Mas nem todos os dias são de glórias. A luta por espaço é cotidiana! Quantas delas são assediadas no dia a dia? Quantas são escolhidas para determinadas pautas por ser mais fácil conseguir chegar até certas pessoas?
Ainda assim, infelizmente, o assédio é o maior problema enfrentado por nós nesse meio. Quem se lembra da Bruna Dealtry, do Esporte Interativo, que foi beijada à força por um torcedor durante uma transmissão ao vivo, que deu o surgimento da campanha #DeixaElaTrabalhar? O movimento teve como representantes Fernanda Gentil, Cris Dias e Carol Barcellos.
Essa luta por espaço deve ser defendida por mim, por você e por todos aqueles que acreditam que realmente lugar de mulher é onde ela quiser.