Sport: crise reflete em equipe feminina

Mais uma vez, a relação do Sport Clube de Recife com o futebol feminino ganha destaque.

O Sport sofre com uma grande crise financeira desde 2018, mas no começo deste ano o clube começou uma reestruturação, que ainda vem acontecendo. Foi também no começo deste ano que resolveram encerrar as atividades da equipe feminina, alegando que não poderia mais custear R$ 40 mil com as 23 atletas.

No entanto, o Leão acabou perdendo o prazo para comunicar a CBF que não participaria do Campeonato Brasileiro Feminino em 2019, e a ausência injustificada poderia colocar em risco a participação do time em todos os campeonatos promovidos pela entidade por até dois anos. Assim, a formulação da equipe feminina foi feita às pressas, para evitar punição.

O clube procurou atletas de times amadores locais, que não precisassem de alojamentos, mas nem sequer recebem salário. E sua comissão é formada apenas pela própria técnica Keila Felício, sem preparador físico e auxiliares. Os treinos são três vezes por semana no campo auxiliar da Ilha do Retiro.

Foto: Léo Caldas/Folhapress

E foi exatamente esse campo que chamou atenção: a grama estava na altura da canela. Após a imagem viralizar nas redes sociais há duas semanas, e aparecer no jornal Folha de São Paulo, o gramado foi aparado.

Justamente por conta das condições de treino, ou a falta delas, que a atleta Sofia fez seu desabafo.

Após a equipe perder para as meninas do Santos, a meia desabafou sobre a falta de estrutura do clube. “Elas treinam todos os dias, convivem mais com a bola. Mal temos horário para treinar. Falta investimentos e foco do clube, na gente. Nos viramos do jeito que podemos: tem um horário, uma professora e uma bola. Apesar de termos raça, vontade e amor, isso não ganha jogo”, disse a atleta em entrevista à CBF TV.

Após a declaração, Sofia ainda chegou a ser titular na partida contra o São José. Porém, na última sexta-feira (26), ela recebeu a notícia de seu desligamento quando chegou pela manhã para treinar.

Em defesa do clube, Nira Ricardo, Coordenadora de Futebol Feminino, disse ao G1 que o desligamento da atleta não foi motivado pela entrevista, e sim porque Sofia usou seu Instagram para repostar mensagens que repudiavam Milton Bivar, presidente do clube, e postar uma foto com as mãos na boca, fazendo relação à censura. Isso após uma entrevista de Bivar, em que o mesmo afirma que dificilmente a meia seguiria na equipe caso esta fosse profissionalizada.

A falta de estrutura, segundo Nira, é por conta da crise do clube, mas ela garante que as condições vão melhorar. A mesma ainda acrescentou que qualquer atleta tem direito de exigir melhores condições, mas não de enfrentar “o chefe”. E ainda afirma que Bivar não tem nada a ver com a rescisão de Sofia, e que foi uma posição do departamento feminino.

Há mais ou menos um ano o clube vem sofrendo com essa crise e, realmente, não é fácil. Inclusive, temos um time de Série A sofrendo com crises financeiras também. A grande questão é que, independente disso, o clube poderia oferecer melhores condições de treinamento para as atletas do feminino. Isso não quer dizer que o time tenha que pagar grandes salários logo de início, mas sim cuidar mais do campo auxiliar e, por que não, disponibilizar alguns preparadores ou auxiliares do masculino.