Das lições da Copa América: um novo olhar sobre Tite

Por: Thais Nogueira

Primeiro, a chegada diante de um cenário caótico. Quando a Seleção Brasileira corria o risco de não se classificar para a Copa da Rússia, foi Tite quem, literalmente, salvou a pátria. Depois, veio todo o encantamento por parte da torcida. Em que se pesem todos os títulos conquistados por ele no Corinthians, seu Adenor já tinha moral suficiente para ocupar esse cargo.

Tite era diferente. Sempre se mostrou um entusiasta do futebol moderno, se distanciando daquele estereótipo de treinador ultrapassado tão comum no Brasil. Ele parecia a síntese perfeita de tudo o que a Seleção precisava. Logo o país todo compraria a ideia.

O resto da história todo mundo já sabe. A eliminação na Copa do Mundo revelou como o discurso modernista foi contraditório na prática. De unânime a fracassado, trocamos aquela nossa velha vontade de que um técnico pudesse ter um ciclo inteiro de trabalho pelo imediatismo de sempre. Muitos declaravam “Fora, Tite!”, e o ”perdão” concedido a ele pela CBF decepcionou muita gente.

Foto: Reprodução

Você pode ser continuar sendo contra Tite mesmo ele vencendo a Copa América. Pode fazer parte da ala mais liberal que deseja ver Renato Gaúcho ou até mesmo Pep Guardiola treinando o Brasil. Não tem problema. Só precisa entender que o momento pede evolução.

Evolução, guarde bem essa palavra! Foi por causa dela que eu, brasileira e torcedora, mudei meu olhar sobre Tite. É a primeira vez que um técnico do Brasil perde uma Copa do Mundo e tem a oportunidade de permanecer no cargo. Por isso o nosso estranhamento. Assim como um objeto que, ao menor sinal de mal funcionamento, queremos trocá-lo por um novo, também é com a Seleção e seu respectivo treinador.

O desafio da Copa América não começou como gostaríamos. A ausência de Neymar e a incerteza em relação aos atletas que vieram de uma temporada ruim. A dificuldade contra a Venezuela, o sufoco diante do Paraguai e, enfim, o alívio que veio por meio da vitória contra a Argentina.

Quem quer evoluir começa de baixo para cima. Ou você acha que os oitos anos à frente da Seleção Alemã antes do título de 2014 foram feitos só de vitórias para Joachim Löw? Certeza que não! E entre altos e baixos, seguindo um caminho de evolução, Tite levou a Seleção Brasileira à final da Copa América.

Há muito o que se melhorar. E caso ele não esteja no Catar em 2022, seu Adenor é, de longe, aquele que já está deixando uma boa base para ser aproveitada pelo seu sucessor. E aí pode vir Renato Gaúcho ou quem quer que seja. Mas antes disso, que venha o título continental em pleno Maracanã no próximo domingo.