Depois que a Copa do Mundo acabar, o que será do futebol feminino no Brasil?

Não é novidade que a Copa do Mundo de futebol feminino vem rompendo diversos preconceitos. Bons jogos, repercussão global e muita visibilidade estão marcando a competição.

Infelizmente, a Seleção Brasileira deixou o campeonato nas quartas de final, sendo eliminadas pela França. Voltando para o Brasil, as meninas foram recebidas no aeroporto com muita festa. Cenas como apoio, incentivo e torcida foram muito comuns nos últimos dias, mas com essa eliminação, como fica o futebol feminino brasileiro?

Os recordes de audiência nas emissoras de televisão mostram que o que falta não é interesse público, e sim investimento. Apesar disso, o cenário é de completa falta de estrutura, colocando a luta pela igualdade de gênero em pauta no mundo.

Hoje, o futebol feminino no Brasil é muito precário. Apenas recentemente se tornou obrigatório a formação de times femininos. De acordo com o Globo Esporte, a maioria das atletas da nossa seleção sequer tiveram formação em categorias de base. “A imensa maioria das atletas que hoje representam a Seleção Brasileira sequer tiveram formação em categorias base. Iniciaram suas trajetórias jogando nas ruas, nos campos de grama sintética e até nas areias das praias do país”.

A jogadora Tamires, que defendeu o Brasil na Copa na França, ressaltou durante entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes a importância das categorias de base. “A gente fala muito na questão da base, que as meninas novas possam ter oportunidade de ir para um clube, ter um campo para treinar, ter uma comissão que vai auxiliá-las muito bem, uma preparação física boa. Uma coisa que a gente trata muito também é a questão do lastro físico das europeias, e isso começa da base”, declarou a lateral.

Se no masculino já não é fácil de consolidar a carreira, as meninas que sonham em jogar futebol encontram barreiras bem maiores. Segundo a doutora e especialista em gênero, esporte e futebol feminino, Silvana Goellner, muitas atletas não têm contrato de trabalho, não têm plano de saúde, não têm estrutura nos clubes. “Falta até uniforme, banheiro, vestiário, assessoria médica. A questão salarial no Brasil também é um problema, já que elas não têm um rendimento mensal. Muitas vezes são contratadas por temporada e somente nos períodos de campeonatos. Não há nunca a segurança de que elas possam viver da modalidade”.

E qual é o plano para o futuro?

Em 2018, a FIFA lançou uma estratégia global para aumentar a participação e o valor comercial, além de construir uma estrutura mais sólida para a modalidade. Para alcançar os objetivos estabelecidos, a entidade tem como ações-base divulgar iniciativas femininas dentro e fora dos gramados e aprimorar as competições femininas, tornando-as fortes e sustentáveis.

No futebol feminino brasileiro, é necessário muito investimento. Começando com uma maior receita dos clubes para a modalidade feminina e avanço na profissionalização das mulheres no futebol.

A divulgação do futebol feminino também é essencial: as transmissões fazem com que o público conheça e passe a acompanhar a categoria que, no Brasil, não é valorizada. Vale lembrar que o Brasileirão feminino está sendo transmitido pela Band.

E aos torcedores e torcedoras, também temos que fazer nossa parte: vamos apoiar o futebol feminino! Vamos juntos, driblando o preconceito e a desigualdade!

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