Na manhã do último domingo (23), em Lages, as Leoas da Serra, time da cidade, se consagraram campeãs do Mundial Intercontinental de Clubes de Futsal Feminino, contra a forte equipe do Atlético Navalcarnero, do Atlético de Madrid.
Elas haviam perdido o primeiro jogo da final, na Espanha, pelo placar de 3 a 1, e precisavam vencer a partida por qualquer placar, tanto no tempo normal quanto na prorrogação. E foi exatamente isso que aconteceu.
No tempo normal, o time de Lages devolveu o resultado do primeiro jogo, com gols de Greice (2) e May. Na eletrizante prorrogação, com o placar zerado, a distância de conquistar o título estava por dois períodos de 5 minutos. O Atlético saiu na frente com a tentativa de Greice em afastar o perigo, que acabou mudando o destino da bola e enganando a goleira de sua equipe, Juba, fazendo um gol contra.
Mas as Leoas seguiram firme em busca da vitória, e Diana respondeu com um forte chute que bateu no travessão, e o rebote sobrou para o pé da melhor do mundo, Amandinha, que marcou seu primeiro gol na partida, empatando para as donas da casa. Há poucos segundos do cronômetro zerar, sua estrela brilhou novamente e ela fez mais um, virando o resultado do jogo para 2 a 1, e dando o maior título de clubes no futsal feminino para as Leoas da Serra.
É fato que o futebol feminino ainda tem muito preconceito, falta de apoio e visibilidade no nosso mundo. Porém, arrisco-me a dizer que a modalidade no futsal é ainda pior nesses quesitos. Aqui no Brasil, há um vasto material humano de meninas que são apaixonadas pela quadra e pelo campo. Que se espelham tanto na Amandinha quanto na Marta. Que precisam de incentivo e de um investimento desde a base.
O time das Leoas tem tido bastante representatividade em nosso país desde a sua formação, em 2013. A equipe, além dos seus títulos, é também um lindo e inspirador projeto social em Lages. Visa incentivar cada vez mais as meninas a ingressarem no esporte, e auxiliam em sua formação como seres humanos. Vale a pena conhecer, pesquisar mais sobre o projeto, e claro, ajudar de alguma forma. Tenho certeza que a equipe e sua comissão necessitam de mais acolhimento, assim como tantas outras equipes que sonham em estar disputando campeonatos grandes pelo futsal.
Vale ressaltar e parabenizar o Sportv por sempre transmitir jogos de futsal, e por ter transmitido a final das meninas. Que valeu muito a pena assistir, não só pelo jogo, mas pela narração do saudoso Daniel Pereira, que traz emoção em sua voz.
O futsal é uma das modalidades mais queridas e praticadas no mundo todo. E o que ainda impede que o mesmo seja olímpico? Já que teria tudo para ser, pois cumpre todos os requisitos do COI, mas bate na trave por questões políticas e comerciais.
Segundo o site infofutsal, a Fifa, que se apoderou do futsal em 1989, quer o esporte nos Jogos Olímpicos há muitos anos. O COI até quer o futsal, mas faz algumas ressalvas à entidade máxima do futebol, que logo de cara não aceita.
Exemplo: O COI aceita o futsal, mas tem regras como querer o futebol masculino nas Olimpíadas sem limite de idade, que é de 23 anos com três atletas podendo ter mais dessa idade; a Fifa não aceita porque entende que isso ofuscaria a Copa do Mundo e seria o mesmo que ter um Mundial a cada dois anos.
Falando em Copas, o COI pede que o Mundial de Futsal não seja disputado em anos olímpicos (este ano será na Colômbia), outra vez a Fifa bate o pé e diz não. Mas a entidade também ouve não em alguns pontos: ela quer incluir o futebol de areia, mas por enquanto as portas estão fechadas.
Portanto, é uma guerra política que vai se arrastando e parece estar bem longe de um desfecho positivo para a bola pesada e os seus praticantes. Tendo em vista os resultados do Brasil no futsal, fica claro que somos quase hegemônicos nesse esporte, e teríamos muitas chances de subir ao pódio olímpico, tanto no feminino quanto no masculino.