É triste! É revoltante! É rançoso! É de dar ódio ao extremo a avalanche de preconceitos que as mulheres que trabalham com futebol vem sofrendo nos últimos dias. Em março, tivemos três casos de jornalistas que sofreram repreensões, ações de preconceito e machismo durante transmissões de jogos de futebol. Mas isso tudo não pode nos calar, pelo contrário, precisamos usar como força para seguirmos na luta. Temos muito o que avançar, conquistar dentro dessa área, que é direito tanto nosso quanto dos homens. Eles estão exercendo essa profissão a mais tempo do que nós, mas não os dá o direito de somente eles trabalharem com isso.
As mesmas palavras servem para as mulheres torcedoras que frequentam estádios, que sofrem preconceito por estarem ali: torcendo, vibrando, empurrando o seu time para as vitórias. Os desafios do dia a dia já são enormes e muito já conquistamos para desistir agora, não serão mentes como dessas pessoas retrógradas que nos agridem tentando nos calar que vão conseguir nos parar. Nós temos direito de ter voz, aonde nós quisermos e no futebol não será diferente. O lugar da mulher é sim, onde ela quiser e não onde a sociedade ‘taxa’ o correto de se estar.
Há muito tempo que as linhas impostas pelas sociedade, principalmente dirigidas as mulheres, foram mudadas. Hoje, as mulheres podem fazer as suas escolhas conforme suas vontades, seus sonhos, objetivos. A campanha “Deixa Ela Trabalhar”, que foi lançada no mês de março nas redes sociais, mostra o quanto as mulheres que trabalham e querem trabalhar com esportes, elas não irão se calar. A iniciativa de 52 jornalistas de várias partes do país, que trabalham com esporte e que desejam elucidar alguns problemas enfrentados por elas durante sua jornada profissional criaram essa bonita campanha com essa declaração.
Não é um pedido de autorização para trabalhar com o futebol. É um pedido de RESPEITO! Que é nosso por direito. Além de tirar o nosso direito de livre arbítrio de fazer as nossas escolhas profissionais, querem tirar de nós o nosso direito de ter respeito. Isso não podemos tolerar mais. Se você não gosta, não aceita a mulher no esporte, sem problemas. Você não precisa aceitar, mas RESPEITAR é o mínimo. É tão mais simples do que tentar diminuir uma mulher por estar em um ambiente que você considera inaceitável de ela estar. Estamos em pleno século 21 e ouvir coisas do tipo: Lugar de mulher é em casa. É na cozinha lavando uma louça. Futebol não é para mulher. É realmente algo que demonstra que a sociedade ao invés de avançar, só retrocede.
Como disse a jornalista Fátima Bernardes, em 2008, logo após ter trabalhado em uma Copa do Mundo: “A questão não é ser mulher. Você não estar no dia a dia é diferente. Quando o enfoque não é no noticiário esportivo, as mulheres conseguem às vezes algumas coisas diferentes”. Eu acredito que a onda de mulheres na cobertura esportiva veio para ficar. “Na cobertura dos jogos olímpicos já temos mais mulheres. Sem falar nas redações, onde elas já representam 50% dos profissionais. Aos poucos, o número de mulheres nas coberturas de Copa vai aumentar.” ( Fonte: Site Terra, 2008 ) E Fátima tinha razão, hoje estamos presentes no meio esportivo em grande número seja no rádio, na TV, no virtual, no impresso e tantos outros. Nós só temos a crescer cada vez mais. Vamos enraizar a presença da mulher no jornalismo esportivo. A cena é tão da mulherada, quanto dos homens. Vamos por mais, mais mulheres!
Por: Elizandra Rasquinha